Helmut Kohl dá instruções a Angela Merkel

Publicado em 26 Agosto 2011 às 11:20

Parceiro infiel, político falível: numa entrevista ao Internationale Politik, publicação bimestral alemã, o antigo chanceler alemão, Helmut Kohl, critica a falta de previsibilidade da política (interna e externa) alemã de Angela Merkel. O "caminho claro" seguido pelo antigo Chanceler em direção à reunificação e à integração europeia vacila: "arriscamo-nos a perder tudo", prevê Helmut Kohl. Devíamos reencontrar a fiabilidade de outrora. As relações transatlânticas, a Europa unificada e a amizade franco-alemã são "pilares fundamentais. Se perdermos esta ancoragem, as consequências serão catastróficas."

O antigo Chefe de Governo constata um "grau assustador de falta de coragem" e declara-se convencido de que "as grandes transformações do mundo atual não justificam a falta de visão e de ideias no campo a que pertencemos e na direção que pretendemos tomar", criticando, indiretamente, a sua sucessora e antiga protegida, Angela Merkel. Para desempenhar um papel de líder europeu, é preciso ter paixão e firmeza: "Se não as tivermos, não estamos no lugar".

A propósito da crise grega, Helmut Kohl considera que "não devemos pôr a questão de saber se somos solidários com a Grécia". "Se fosse eu o Chanceler, não teria concordado com a entrada da Grécia na zona euro sem reformas fundamentais nesse país", assegura o antigo dirigente. "Comigo, a Alemanha não teria violado os critérios de estabilidade do euro. Cometeram-se esses erros. Mas a boa notícia é que podem ser reparados. Porém, não devíamos proceder como se fosse unicamente uma questão de dinheiro. A Europa, na crise, necessita de um pacote de medidas preventivas, não ideológicas, que lhe permitam trazer o euro para o bom caminho e assegurar-lhe o futuro."

Neste momento, não é fácil avaliar o impacto das críticas nos debates realizados no seio da CDU. No Frankfurter Allgemeine Zeitung, tradicionalmente próximo dos cristãos-democratas, Helmut Kohl reclama "pontos de vista e princípios" claros, pois não cabe ao partido responder à questão de saber "se, quem recusar as euro obrigações, é um bom europeu". Em resposta às críticas de Hemut Kohl, o FAZ nota que "a integração chegou a um ponto em que as diferenças fundamentais de mentalidade e de cultura entre os 27 não podem ser disfarçadas com referências históricas (…) e muito dinheiro alemão".

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