“BCE inunda Europa com mais de 1 bilião de euros”, titula o diário conservador Die Welt em Berlim. O conselho do BCE “não aprovou unanimemente” o lançamento imediato do programa, escreve o diário, acrescentando que a Alemanha se manterá fiel à sua política de “economia e reformas”. O diário acrescenta:
os críticos dizem que o dinheiro não chegará aos mutuários mas que será investido em ações ou no mercado imobiliário. Isto poderá levar a uma nova bolha no mercado. Além disso, alguns temem que o BCE possa abrandar o desejo de implementar reformas em alguns países através da compra dos seus títulos.
“BCE: um terramoto de 1 bilião”, titula o La Stampa. A flexibilização quantitativa do BCE é “positiva, em relação ao seu montante e duração, e negativa, uma vez que deixa grande parte do fardo do risco nas mãos dos bancos centrais e nacionais”, afirma o economista italiano Marcello Messori no diário de Turim. Entre outros economistas, especialistas bancários e gestores de fundos,
a reação foi praticamente unânime. A decisão foi tomada no mandato do BCE, o que enfraquece qualquer questão jurídica que possa ser levantada na Alemanha. […] De qualquer forma, tal como Draghi repetiu na sua conferência de imprensa, a política monetária por si só não é suficiente. O mantra dos especialistas também é: reformas, reformas e mais reformas.
“Um bilião para dar um impulso à Europa”, titula o ABC. Relembrando a declaração de Mario Draghi de que estava pronto para fazer “tudo o que fosse necessário” para salvar o euro, o diário escreve que “o banqueiro italiano tem sido acompanhado por uma imagem de poder, out até mesmo de infalibilidade”. Draghi é, para o diário espanhol,
o único homem capaz de lidar com um mercado insaciável. Durante dois anos, Mario Draghi experimentou medidas para, primeiro, acabar com a soberania da crise da dívida e, em seguida, para colocar a Europa na rota da recuperação. Mas tudo indica que esta recuperação não é tão forte quanto esperava e Draghi teve de agir novamente. O principal receio do mercado é que o esforço do BCE não seja acompanhado por medidas adicionais dos Governos nacionais, já que Draghi não pode fazer tudo.
Para o Financial Times, apesar “de o BCE ter demorado demasiado tempo” a lançar uma flexibilização quantitativa, “a sua intervenção tardia é bem-vinda”. O diário elogia Draghi por ter agido perante o fraco crescimento e inflação subjacente na zona euro, mas também alerta que cabe agora aos Governos nacionais fazerem a sua parte para recuperar.
Para escapar a anos de fraqueza esgotante, a zona euro precisa não só de uma injeção de adrenalina, como também de um tratamento de longa duração. Isto deve incluir uma reforma estrutural e não apenas dos mercados de trabalho escleróticos franceses e italianos, mas também do mercado de produtos alemão, que é tão imprescindível quanto a flexibilização quantitativa. Nem os mercados nem os seus críticos pensam que Draghi possui as ferramentas para terminar este trabalho. Para ajudar a provar que estão errados, os Governos da UE precisarão de mostrar tanta determinação quanto ele.