Marcio Charata (à dta.) no mercado de peixe de Maputo, em novembro de 2012. Charata deixou Portugal depois da falência da sua sociedade por causa da crise, em 2011.

A caminho de Moçambique

Cada vez mais portugueses afetados pela crise consideram a possibilidade de emigrar para Moçambique. Mais seguro do que Angola, o país suscita esperança numa população desamparada. Embora alguns acabem por regressar de mãos vazias.

Publicado em 12 Março 2013 às 12:20
Marcio Charata (à dta.) no mercado de peixe de Maputo, em novembro de 2012. Charata deixou Portugal depois da falência da sua sociedade por causa da crise, em 2011.

Tierri Rodrigues é o último da fila de cerca de 40 pessoas que aguardam pela abertura da embaixada de Moçambique em Portugal. Tem 43 anos e vai apenas entregar os últimos documentos que lhe irão assegurar um visto turístico para Moçambique, com a validade de 60 dias. Apesar da natureza do visto, Tierri Rodrigues assume que vai à procura de trabalho que não encontra em Portugal há quatro meses. "Tenho contactos de empresas, mas não tenho nada garantido".

Engenheiro técnico civil, formado no ISEL, Tierri Rodrigues vai usar parte do dinheiro que recebeu da indemnização por despedimento para investir na sua viagem até Maputo, a capital moçambicana. "Familiares e amigos deram boas indicações" sobre o país e sinais de que "há lá muito trabalho". É em casa de amigos que irá ficar durante a sua estada em Moçambique e está confiante de que encontrará aquilo que lhe falta cá, emprego.

E porque não Angola, onde também existem muitas ofertas de trabalho? "Quero voltar a casa vivo", responde. Tierri, em contrapartida, tem boas referências de Moçambique: "há mais segurança e o povo sociabiliza melhor com os portugueses".

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Economia

Remessas dos emigrantes em Angola quadruplicaram nos últimos cinco anos

Em 2012, os portugueses que vivem em Angola enviaram para o seu país natal €270,6 milhões, um aumento de 83,7 por cento em relação a 2011, escreve o Público, e quatro vezes mais do que há cinco anos. Números do Banco de Portugal revelam que o volume total das remessas dos emigrantes, no ano passado, chegou aos €2,75 mil milhões, dez por cento dos quais vieram de Angola. A capital daquele país, Luanda, é um destino cada vez mais atraente para os cidadãos portugueses que agora ali vivem em maior número do que na época colonial. O dinheiro que os angolanos que vivem em Portugal mandam para o seu país é 18 vezes menor.
Estes dados revelam uma tendência crescente: é nos países de língua oficial portuguesa que as remessas para Portugal mais têm aumentado, por causa do grande crescimento económico de nações como Angola e Moçambique. Deste último país, em 2012, chegaram a Portugal cinco milhões de euros.
Espanha, Alemanha, Itália e Holanda são outros países onde as remessas de emigrantes portugueses cresceram, mas o recorde histórico continua a ser de França, em 2012 (€846,1 milhões).

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