Para quê mudar uma fórmula fracassada?

Reunidos em Bruxelas para falar do crescimento, os chefes de Estado e de governo não decidiram nada que permita dar um novo alento à Europa, esgotada pela crise e pela austeridade, lamenta a imprensa europeia.

Publicado em 15 Março 2013 às 15:31

O Conselho Europeu de 14 de março, dedicado ao crescimento, foi mais uma "cimeira previsível", escreve o jornal Il Sole-24 Ore. Apesar dos maus indicadores relativos ao desemprego e à produção, e dos manifestantes vindos de toda a Europa até Bruxelas, a reunião decorreu em tom de business as usual, salienta este jornal, que acrescenta:

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As conclusões estavam pré-definidas: um pouco de flexibilidade nas regras antidéfice e, sobretudo, no que se refere à redução do desemprego dos jovens, o mantra do momento. […] Nada de rasgos nem de surpresas. Como se a Europa não estivesse a agonizar na recessão pelo segundo ano consecutivo. […] Seria preciso um pouco de imprevisto com um toque de génio, uma vontade comum pouco habitual, para fazer a Europa sair do túnel da crise, com menos conversas e algumas medidas concretas.

"A Europa está condenada a continuar no caminho da austeridade, aberto pela Alemanha para fazer a União Europeia sair da crise", acrescenta o Ziarul Financiar. "Era evidente, depois de a Alemanha ter apresentado um orçamento exemplar, que faz prever o défice mais baixo dos últimos 40 anos". Acrescenta o diário romeno:

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O preço a pagar é doloroso para toda a UE: desemprego dos jovens por quase toda a parte e recessões espantosas em todos os países duramente atingidos pela crise… E, além disso, a Alemanha segue na mesma via, exigindo que a expressão ‘consolidação orçamental’, ou seja, austeridade orientada para o crescimento, seja referida nada menos de quatro vezes nas conclusões da cimeira!

Desde a assinatura do Pacto de Crescimento, [em junho passado] (2265591), "não houve progressos", lamenta também o jornal Les Echos. Este diário económico recorda designadamente que os "project bonds", isto é, "os financiamentos obrigacionistas criados para apoiar grandes projetos de infraestruturas – continuam no limbo, apesar de a primeira fase sido prevista para outubro passado”. O mesmo jornal divisa, no entanto, uma esperança, depois deste Conselho Europeu, em especial porque "a França e a Itália conseguiram alguma indulgência dos seus parceiros" em matéria de défice público:

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Algumas das suas pretensões [foram] contempladas nas conclusões da cimeira. Assim, a França viu com agrado a referência, no texto final, à “necessidade de uma consolidação orçamental diferenciada, centrada no crescimento”, [o que] abre caminho a uma certa flexibilidade na aplicação do objetivo do défice inferior a 3% […]. Por seu turno, a Itália fez pressão para que o texto final reconhecesse o estatuto especial dos investimentos públicos prospetivos no cálculo dos défices.

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