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Quem ocupará o cargo?

No Conselho Europeu que terá lugar a 30 de agosto, os Vinte Oito elegerão o próximo chefe da diplomacia europeia. Retrato dos quatro candidatos favoritos em Bruxelas.

Publicado em 1 Setembro 2014 às 10:36

Radosław Sikorski, o empresário estratégico
Radosław Sikorski é, sem dúvida alguma, um dos líderes europeus mais experientes neste momento. Este licenciado de Oxford aborda os problemas de forma pouca convencional, faz frente às restrições, abala as estruturas presas em lógicas anacrónicas. Está sobretudo especializado no empreendimento estratégico. Tem experiência para dar e vender: dois anos como ministro da Defesa e sete na liderança da diplomacia polaca.
Juntamente com Carl Bildt [ver mais abaixo], é um dos arquitetos intelectuais da diplomacia polaca da Parceria Oriental. Sikorski tem noção de que o futuro da segurança europeia depende da capacidade de relançar as relações com Berlim e Paris. Quer seja o Grupo de Weimar, o Grupo de Visegrád ou o da Entente Cordiale, Skorski coloca a Varsóvia em todas as equações de influência continental. Defende agora a ideia de uma “eurozona” da defesa.

Federica Mogherini, a geração do "fim da história"
Federica Mogherini é, quase em todos os aspetos, uma anti-Sikorski. É uma pessoa conciliadora que evita todos os tabus e os temas que polarizam e se baseiam num discurso superficial. Só está na chefia da diplomacia italiana desde fevereiro e na liderança da delegação italiana na Assembleia Parlamentar da NATO desde agosto.
Numa altura em que se considera a presença norte-americana na Europa como algo imperativo, sendo uma garantia simbólica da estabilidade, Mogherini mostra-se intransigente: "Não deveríamos concentrar-nos tanto nos símbolos". Mogherini quase que defende o casamento aberto, no qual podemos namorar com outros. E em setembro, preferia que a ordem do dia da cimeira da NATO não fosse "ofuscada pela crise na Ucrânia", tal como declarou em Washington em maio de 2014.
Carl Bildt, o diplomata digital
O político sueco foi um dos pioneiros da diplomacia digital. Mantém, desde 2007, um dos blogues políticos mais seguidos na Suécia e tem uma conta no Twitter em inglês com mais de 250 mil seguidores. Bildt considera que a diplomacia digital permite acompanhar de perto o que se passa no mundo. A sua mais recente iniciativa foi a Parceria Oriental, lançada em maio de 2009 com o ministro polaco dos Negócios Estrangeiros.
Apesar de ter estabelecido uma reputação de pró-europeu puro e duro, é provável que os dirigentes europeus não queiram uma pessoa tão carismática e que não meça as suas palavras, para suceder a Catherine Ashton, a atual Alta Representante, famosa pela sua descrição e pela forma como soube manter um perfil baixo ao longo do seu mandato. O ministro sueco dos Negócios Estrangeiros é criticado por ter tomado uma posição demasiado conciliadora durante os conflitos nos Balcãs, enquanto outros líderes apelavam a uma intervenção militar.

Kristalina Gueorguieva, uma candidata comprometida
A búlgara Kristalina Gueorguieva, antiga vice-presidente do Banco Mundial, neutra do ponto de visto geopolítico, provém de um país encruzilhado entre a Europa de leste, o mediterrâneo e o Oriente. No dia 6 de agosto, por insistência do novo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, Gueorguieva foi designada como candidata para o cargo de Alta Representante da UE. Gueorguieva, que ocupa desde 2010 o cargo de comissária europeia para a Cooperação Internacional, a Ajuda Humanitária e a Resposta às Crises, deu sempre provas de modéstia e eficiência.
Charles Grant, o fundador do think-tank londrino Centre for European Reform, declarou recentemente que Gueorguieva "poderia ajudar a UE nos seus cálculos. Não é tão combativa como Sikorski nem tem inimigos". Kristalina Gueorguieva pertence, tal como Carl Bildt, ao Partido Popular Europeu.
Entre os Estados favoráveis à nomeação de Kristalina Gueorguieva encontram-se a França, o Reino Unido, a Estónia e o Luxemburgo. Trabalhou durante três ano em Moscovo enquanto diretora do Banco Mundial para a Federação Russa e fala fluentemente russo.
Se os dirigentes europeus atrasaram a escolha do Alto Representante, foi precisamente para poder chegar a acordo sobre a pessoa mais adequada para trazer equilíbrio entre as famílias políticas, alguém que possa representar todos os países, tanto dentro e fora da zona euro, respeitando ao mesmo tempo um equilíbrio razoável entre sexos no seio da Comissão.

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