Mas onde anda a Senhora Ashton? Não é a primeira vez que perguntamos o que anda a fazer a chefe da diplomacia europeia, mas a questão e ainda mais pertinente numa altura em que a Líbia parece oscilar para o lado da democracia com a ajuda de uma intervenção militar em que os europeus desempenharam um papel essencial.
Os acontecimentos na Líbia tiveram o mau gosto de se precipitarem quando as instituições de Bruxelas estão a gozar as suas tradicionais férias, com o pessoal limitado à gestão dos assuntos correntes. A chefe do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) encurtou as suas mas, para se pronunciar, tem de consultar os ministros dos Negócios Estrangeiros dos Vinte e Sete. Ora, a maior parte deles ainda está a descansar. A primeira reunião está prevista para… 12 de setembro.
A 23 de agosto, a Senhora Ashton, ainda assim, anunciou, durante uma conferência de imprensa que mal teve eco na comunicação social, que tinha falado com o chefe do Conselho Nacional de Transição líbio (CNT), Moustapha Abdel Jalil, sobre “os meios pelos quais a UE, os Estados membros, podem contribuir para um melhor futuro para o povo líbio”.
O papel desempenhado pelos europeus na crise líbia provou que são capazes de se envolverem numa região – o Mediterrâneo – que os Estados Unidos julgam dentro da sua jurisdição. Capazes de agir militarmente em conjunto, devem agora sê-lo politicamente, se possível através das instituições comuns. A oportunidade é a reconstrução, setor onde os europeus têm uma experiência reconhecida.
Depois de ter estado inexplicavelmente ausente da “primavera árabe”, a União não pode dar-se ao luxo de falhar estar oportunidade. Sobretudo pela importância estratégica da Líbia, por causa da sua posição geográfica, do seu peso económico e do seu papel na regulamentação dos fluxos migratórios provenientes da África subsariana. Entre as ferramentas de que a UE dispõe, no terreno, esta a União para o Mediterrâneo (UPM): mal nascida e quase abandonada, pode renascer como verdadeiro organismo de cooperação e de coordenação política. Uma tarefa a que a Senhora Ashton se poderá dedicar e que daria sentido ao seu cargo que, até ao momento, tem sido difícil de compreender pelos europeus.