O Governo português recuou na sua controversa decisão de aumentar a contribuição dos trabalhadores para a segurança social (TSU), mas prometeu novos aumentos de impostos no orçamento de 2013. O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho acabou por retirar a polémica medida, anunciada a 7 de setembro, depois de uma crise política e de milhares de pessoas terem saído à rua, em protesto, a 15 de setembro. A medida também atraiu críticas de todos os quadrantes políticos, incluindo o Presidente da República e membros do Governo, e sociais, como a comunidade empresarial que, em teoria, beneficiaria com esta proposta.
A Comissão Europeia já disse que o Governo português tem de introduzir rapidamente novas medidas que substituam as alterações à TSU, para prevenir riscos na “continuação dos empréstimos europeus”. Segundo o Público,
Bruxelas insiste que as novas medidas deverão ser avalizadas pela troika de credores internacionais (Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu) antes da reunião dos ministros das Finanças do euro de 8 de outubro, que deverá formalizar a decisão de libertação da sexta parcela dos empréstimos europeus destinada a cobrir as próximas necessidades de financiamento do Estado.
O diário de Lisboa acrescenta:
Para o país e para o Governo, há um antes e um depois da TSU. Para o primeiro-ministro, só há uma lição a aprender. E essa lição é que não pode continuar a governar ignorando o país, decidindo sem ouvir.
O diário económico Jornal de Negócios, vai ainda mais longe nas críticas ao Governo a quem acusa de esconder a verdade ao povo português:
A credibilidade da política de austeridade deixou de ser uma divergência ideológica, é hoje um problema matemático. Não está a resultar. Como se confia em quem estimava um crescimento de receitas do IVA de 11,6% quando ele afinal cai 2,2%? (...) Como se confiará nas previsões para 2013 depois do fracasso em 2012? (...) O anúncio, ontem, de mais impostos, foi vago e ambíguo. (...) Semear incerteza revela mais do que amadorismo, revela insegurança, revela falta de estratégia, revela incapacidade para liderar um povo que se desfaz em contas.
O Jornal de Negócios termina com uma mensagem e uma pergunta à troika UE-BCE-FMI:
Meus senhores, o Governo não cortou a despesa do Estado como prometera, mas os portugueses fizeram tudo o que os senhores pediram. Falhou. Esse falhanço também é vosso. E só vós podereis mudar a política, pois o Governo é-vos temente e Portugal está-vos dependente. O que farão?