"Confiem em nós", dizem Merkel e Sarkozy

O “casal real” já não é suficiente

Quinta-feira, 18 de agosto, as bolsas europeias voltaram a cair: o encontro entre o “casal real” Sarkozy-Merkel, no início da semana, não foi suficiente para corrigir o declínio da economia, escreve a Imprensa europeia.

Publicado em 19 Agosto 2011
"Confiem em nós", dizem Merkel e Sarkozy

“Temores sobre a economia e os bancos provocam queda das bolsas”, é o [título da primeira página do El País](http://www.elpais.com/articulo/opinion/Temor/recesion/elpepiopi/20110819elpepiopi_3/Tes). “Três anos após o choque” do outono de 2008, “o fantasma do Lehman Brothers passeia pelo mundo”. O diário sublinha que “os índices europeus viveram o seu pior dia” após a falência do Lehman e “o medo de uma recessão” volta em força, porque “sem crescimento económico não é possível pagar as dívidas”. “É na zona euro onde o Banco Central Europeu e a maior parte dos governos, longe de lutarem contra a atual estagnação, favorecem as políticas deflacionistas”, escreve o El País que, além disso, defende a necessidade “de encorajar o crescimento para dar confiança aos mercados”. Um “exercício que não será fácil, depois de toda a inútil retórica de austeridade excessiva”, conclui.

“A Europa está em vias de falhar?”, pergunta a primeira página do Handelsblatt. Para odiário económico alemão, as propostas de Merkel e Sarkozy “não são as únicas causas deste ataque de pânico dos investidores das bolsas”: têm, nitidamente, “medo de uma falência da Europa: os americanos temem que os problemas do setor bancário europeu atinjam as suas instituições”. “Neste momento, discute-se muito se os europeus devem deixar que o euro se afunde ou, pelo contrário, se devem construir uma espécie de Estados Unidos da Europa. Mas isso leva tempo. Talvez devessem antes decidir proteger os bancos, para que continuem a ser credíveis, já que não podem dar garantias aos Estados. Isso reduziria, em parte, o pânico dos investidores e evitaria que se gastassem milhões de euros para nada.”

“Europa ao rubro”, [titula, por seu lado, o Il Manifesto](http://www.ilmanifesto.it/il-manifesto/in-edicola/), segundo o qual “a dupla queda que tanto se temia está iminente. E parece que nada mudou desde o crash de 2008”. O diário comunista aponta o dedo à finança internacional: “os Estados mobilizaram-se para salvar o sistema financeiro; com isso, destruíram os seus próprios orçamentos, engordando a dívida pública mais do que a conta, enquanto cortavam desesperadamente as despesas sociais para encontrarem recursos. No final desta primeira vaga de cortes, o sistema financeiro agradeceu e continuou a especular. Deixou de se falar na regulamentação dos mercados financeiros. Mas os Estados deixaram de ser uma fonte de dinheiro fresco. Fazem parte do problema. Por isso, as medidas avançadas por Merkel e Sarkozy só teriam dado confiança aos mercados se tivessem sido mil vezes mais inteligentes”.

Na Gazeta Wyborcza, que faz título com “os índices que caem, as economias que tremem e o espetro da recessão que plana”, o editorialista económico Witold Gadomski escreve que “já é tempo de se abandonar a tática dos pequenos passos. Os líderes europeus parecem ficar sempre surpreendidos com a evolução da crise, que devorou a Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e brevemente – quem sabe – Itália. Estão divididos entre os problemas dos seus próprios países e os da Europa, entre o humor dos seus eleitores – a quem prometeram demasiado – e o dos mercados financeiros. A Europa sofre de deficit democrático e de ausência de líderes notáveis. Os tempos são difíceis. Eu preferia ser governado por gente séria em vem de personagens VIP”.

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