Primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan no Parlamento em Ancara.

Acabaram-se as falinhas mansas

Durante a sua visita à Alemanha no final de fevereiro, o primeiro-ministro turco confirmou a crescente confiança do seu país. Em pleno crescimento e vista como um exemplo entre os países árabes, a Turquia tem cada vez menos necessidade da Europa, escreve o Frankfurter Rundschau.

Publicado em 2 Março 2011 às 15:54
Primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan no Parlamento em Ancara.

Recep Tayyip Erdogan apresenta-se como o primeiro-ministro de todos os turcos – mesmo daqueles que têm nacionalidade alemã há duas gerações. Foi nesta qualidade que pronunciou um discurso, em Dusseldorf [a 27 de fevereiro], perante dez mil imigrantes de origem turca. Diante de uma concentração do mesmo género, realizada há três anos em Colónia, o primeiro-ministro causara controvérsia ao descrever a "assimilação" como "crime contra a Humanidade". Uma fórmula a que regressou textualmente em Dusseldorf, mas que completou com um esclarecimento: "Digo sim à integração".

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Visto da Turquia

Erdogan endurece discurso para com a UE

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Discursando em Dusseldorf, no dia 27 de fevereiro, na presença da chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro turco Erdogan declarou: “Se não querem que a Turquia entre, digam-no abertamente… e nós vamos à nossa vida e deixamos de os incomodar. Não tenho nenhum projeto escondido e falo com clareza… Não nos empatem… Não nos empatemos uns aos outros”. “O duro discurso da Turquia para com a União Europeia, visto como uma forma de o Governo obter apoio político dentro do país, pode corroer a confiança popular quanto à intenção de aderir ao bloco [UE]”, lê-se no Hürriyet. “Em vez de contornar as difíceis relações e esperar por uma melhoria política, ao fazer afirmações radicais que colocam as relações em maiores dificuldades não serviu o objetivo pretendido [tornar-se membro]”, considera o perito em UE Sinan Ülgen, citado pelo diário turco.

O Hürriyet acrescenta que “alguns observadores consideram que tais afirmações, para além de representarem uma tática política com vista às eleições gerais de 12 de junho, podem abrir caminho para uma próxima retirada da Turquia das negociações”. “A Turquia, sempre considerada pela UE como um mau aluno, é um país capaz de desenvolver estratégias e é vista como um modelo no Médio Oriente. Isso pode levar o Governo e a opinião pública turcos a aproveitarem para se confrontarem com a UE nos próximos tempos”, declarou Ceren Mutus, outro perito em assuntos da UE. “Foram abertos treze temas de debate nas negociações de acesso da Turquia”, recorda o Hürriyet. “Paris tem obstado à abertura de cinco e Bruxelas congelou oito, em resposta à não abertura dos portos, por parte de Ancara. Apenas restam três dossiês, que os representantes turcos dizem não envolver qualquer ‘bagagem política’; mas Ancara tem mostrado relutância em cumprir as metas exigidas em matéria de concorrência, política social e despesa pública."

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