O primeiro-ministro português, José Sócrates, discursa no 27º. congresso nacional do Partido Socialista, em Matosinhos, a 10 de abril de 2011.

Ano novo austero

O plano de ajuda financeira a Portugal, no valor de 78 mil milhões de euros, anunciado dia 3 de maio, para ajudar o país a sair da bancarrota, poderá não ser tão drástico como os portugueses receavam. Apesar de tudo, esperam-se tempos difíceis até o país voltar a ser o que era, avisa o Jornal de Negócios.

Publicado em 4 Maio 2011 às 15:57
O primeiro-ministro português, José Sócrates, discursa no 27º. congresso nacional do Partido Socialista, em Matosinhos, a 10 de abril de 2011.

Quando Pedro Passos Coelho pediu a Bruxelas, há meses, que Portugal tivesse mais um ano para reduzir o défice, foi chamado de imaturo, irresponsável, desestabilizador. Ontem, Portugal ganhou o que Passos Coelho pediu. Ainda bem. O que vamos agora fazer para que mais um ano não seja um ano a mais?

Só hoje conheceremos o programa de austeridade do FMI, BCE e UE. Será mais duro que o PEC IV. Mas menos duro que o "PEC V" que chegou a ser efabulado. Assistiremos agora ao debate político da vitória: o jogo d' "a culpa é deles" passou agora a "o mérito é nosso". Os jogadores são os mesmos: PS, PSD e PP. E são três, de facto, os que merecem o maior elogio pela tolerância dada ontem a Portugal. Mas são outros três: FMI, UE e BCE. Um pouco de gratidão seria melhor que a soberba.

A intervenção externa na Grécia foi autoritária, rancorosa e improvisada. Em Portugal será apenas autoritária. A troika deu-nos mais um ano para reduzir o défice orçamental, não por clemência, mas por acreditar que o sucesso do seu "plano" é mais possível desta forma.

O júbilo de Sócrates ontem é, no entanto, dispensável. A austeridade que já acumulamos e a nova que enfrentamos mereciam um mínimo de pudor. Mas as eleições são como o Carnaval, já ninguém leva a mal: os políticos são apenas as suas máscaras. Leia a versão integral do artigo no Jornal de Negócios.

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Opinião

Portugal precisa, outra vez, do "chicote" europeu

"Portugal enfrenta hoje o seu Dia D. Os chefes de missão da Comissão, do BCE e do FMI, que há três semanas analisam à lupa a economia portuguesa, vão divulgar o pacote de medidas que são exigidas a Portugal a troco de um empréstimos de 78 mil milhões de euros que nos permitirá evitar a bancarrota", escreve no Público a cronista Teresa de Sousa. Esta considera que Portugal dispõe aqui da sua última oportunidade para garantir a presença no euro e "evitar o empobrecimento e a marginalidade política".

A cronista compara a situação do país com a adesão à Comunidade Europeia, em 1986, quando muitos diziam que Portugal precisava do "chicote" europeu - de novo precisamos do "chicote" europeu, garante, "só que desta vez já não há o "ouro do Brasil". Teresa de Sousa responsabiliza ainda quer o Governo, quer a Europa por esta crise: "Cabe integralmente ao Governo português a responsabilidade de não ter visto a tempestade chegar ou ter acreditado que podia enfrentá-la de outra forma e sem custos políticos. Cabe à Europa a responsabilidade de não ter conseguido enfrentar a crise com uma visão política consistente e global."

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