Areias movediças

Publicado em 18 Junho 2010

Agravar a taxa bancária enquanto os bancos demonstram a sua solidez com a publicação de testes de resistência: reunidos no Conselho Europeu de 17 de Junho, os 27 privilegiaram as medidas técnicas. Desta vez, não se assistiu a uma grande iniciativa, como a dos 750 mil milhões de euros do fundo de estabilidade europeu, mas a uma mensagem dirigida aos mercados financeiros que continuam a especular contra determinados países da zona euro.

O fundo de estabilidade permite uma certa autonomia em relação ao resto do mundo. A publicação dos testes de resistência irá provar aos mercados que os bancos são mais sólidos do que parecem. O projecto da taxa bancária permitirá à Europa retomar a iniciativa, assim que a medida for aprovada pelo G20. Claro que será necessário algum tempo até se conseguir medir a eficácia destas últimas medidas (segundo a nossa revista de imprensa, os jornais europeus são unânimes em relação a esta questão). A única certeza é que a margem da UE é estreita. A UE está um pouco na situação de uma pessoa que se vê no meio de areias movediças. Se não fizer nada, fica dependente de uma ajuda externa que não controla e arrisca-se a afundar-se lentamente. Se se mexer muito, agrava a sua situação e mostra a toda a gente que é vulnerável.

Um outro ponto de equilíbrio difícil de manter é a cooperação entre os Estados-membros e entre os 27 e as instituições comunitárias. A presidência rotativa da UE está assegurada, até 30 de Junho, pela Espanha, país cujo futuro é incerto na medida em que poderá vir a ser o próximo alvo dos mercados. E a presidência seguinte irá ser assumida pela Bélgica, um país que não sabemos se tem futuro e que se arrisca a continuar uma série de meses sem Governo. No meio destas areais movediças, os Estados-membros da União Europeia devem, mais do que nunca, dar provas da sua solidariedade. A começar pelo autoproclamado motor franco-alemão.

Eric Maurice

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