Durão Barroso “faz parte daqueles que beneficiam com a crise financeira na Europa”, garante o Spiegel. “A crise aumentou incontestavelmente o seu poder. […] Barroso aparecia como um jogador de segundo plano, mas está a tornar-se um parceiro importante.”
Até agora, lembra o semanário alemão, o presidente da Comissão Europeia tinha a reputação de um homem que evitava o conflito e que tinha dificuldade em assumir a sua autoridade junto dos líderes europeus. O Spiegel escreve mesmo que, nos Conselhos Europeus, ele lembrava
o avô que comenta com lirismo as fotografias de flores selvagens das pastagens enquanto o resto da família se concentra no aperitivo e espera que o espetáculo acabe depressa.
No entanto, durante o último Conselho, a 28 e 29 de junho passado, alguma coisa mudou, escreve o correspondente em Bruxelas do semanário alemão:
Quando alguns líderes europeus levantaram objeções às recomendações de Bruxelas sobre a política orçamental, o presidente da Comissão contra-atacou. […] Barroso lembrou àqueles que compunham a assistência que tinham sido eles próprios a conferirem à Comissão o direito de fazer recomendações aos governos nacionais. Para ele, não fazia a mínima diferença que continuassem a fazer os seus joguinhos táticos, disse Barroso, sublinhando que preferia concentrar-se nos factos. E acrescentou veementemente: ‘Se o Conselho Europeu não subscrever as recomendações, teremos um sério problema.’ Os líderes europeus ficaram chocados. Tinha sido mesmo Barroso a dizer aquilo? Não certamente o Barroso a que eles estavam habituados.
Para mais, escreve o Spiegel, as decisões tomadas durante a cimeira, que fazem do “mais Europa” um objetivo essencial, beneficiam sobretudo o presidente da Comissão. É surpreendente? O semanário lembra o apelido materno de Barroso: “Durão”.