Crise económica

Chanceler de Ferro consegue o que quer

Publicado em 3 Março 2011 às 17:51

Angela Merkel faz o que quer e os seus parceiros europeus estão cada vez mais agitados. “Apoio a Kenny ardeu”, é título no Irish Independent. Falando numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro português José Sócrates, a 2 de março em Berlim, a Chanceler de Ferro insistiu em que não era possível "baixar artificialmente" as pesadas taxas de juro ao Estado irlandês na negociação do apoio de 85 mil milhões de euros prestado pela UE/FMI. O novo Taoiseach (primeiro-ministro irlandês), Enda Kenny, pôs “grande ênfase na renegociação da dívida durante a recente campanha eleitoral irlandesa”, salienta o diário de Dublin, acrescentando que, a 5,7%, as condições do acordo são “castradoras”.

Quanto ao encontro de Merkel com Sócrates, o jornal Público salienta que os dois líderes “recitaram escrupulosamente e a uma só voz” um discurso projetado para convencer os mercados quanto à perturbada saúde financeira de Portugal. Rejeitando que Lisboa precise de ajuda do FMI ou do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), Merkel elogiou o primeiro-ministro português pelos "corajosos passos para reduzir o défice”, reforçando ao mesmo tempo que as reformas estruturais e os orçamentos de austeridade “têm de ir mais longe”. Segundo o diário lisboeta, Merkel expressou reservas sobre o pedido de Portugal para que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira fosse reforçado em troca da submissão aos termos do pacto de competitividade de inspiração franco-alemã, devido “à hostilidade crescente” da opinião pública alemã em ajudar economias fracas.

Os debates avançam e os 17 ministros das Finanças da zona euro preparam o encontro de 11 de março em Bruxelas, onde vão discutir os termos do plano conduzido por Sarkozy-Merkel para harmonização dos impostos, das leis do trabalho e das políticas de reformas na Europa. Os Estados-membros de fora da zona euro sentem-se marginalizados, destaca o Adevărul. “A Polónia está ofendida por não ter sido convidada a participar”, escreve o diário de Bucareste, acrescentando que a Bulgária, que já preparou propostas de emenda à sua Constituição para garantir a estabilidade das finanças públicas, “sente que fez o trabalho de casa”. Entretanto, a Roménia, assolada pela crise, teme que a sua contribuição futura para o FEEF, apontada para 2,5 mil milhões de euros, seja excessiva. Calculada de acordo com o PIB e a população, a Roménia quer o valor calculado apenas em função do PIB, como acontece com os membros da zona euro. Com os membros de dentro e fora da zona euro cada vez mais irritados com a gestão unilateral da crise feita por Merkel, Bruxelas parece convenientemente ausente e o presidente Van Rompuy circula presentemente pela Europa Central e de Leste, “para acalmar os ânimos”, refere o diário de Bucareste.

Newsletter em português
Tags

É uma organização jornalística, uma empresa, uma associação ou uma fundação? Consulte os nossos serviços editoriais e de tradução por medida.

Apoie o jornalismo europeu independente.

A democracia europeia precisa de meios de comunicação social independentes. O Voxeurop precisa de si. Junte-se à nossa comunidade!

Sobre o mesmo tópico