Corrida contra o tempo para a união bancária

Publicado em 5 Dezembro 2012 às 13:50

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Os 27 ministros das Finanças da UE não conseguiram, ontem, chegar a acordo e ultrapassar as suas diferenças para implementar uma união bancária até ao final do ano, um passo considerado crucial para resolver a crise da dívida, explica o Público. Segundo o diário lisboeta,

a expectativa de países como Portugal, Espanha, França ou Itália é assegurar que o novo mecanismo de supervisão se torne operacional em janeiro de 2013 pelo menos para os bancos "sistémicos" (os que podem pôr em risco, por contágio, a totalidade do setor na Europa), a que se seguirá ao longo do ano a totalidade dos seis mil bancos da zona euro.

Após várias horas de conversações, não se chegou a acordo sobre o mecanismo único de supervisão bancária, que seria assegurado pelo Banco Central Europeu. Foi agendada uma nova reunião para o dia 12 de dezembro. A urgência reside

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na criação do novo sistema de supervisão único como a condição para que o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE, o novo fundo de socorro do euro) passe a poder recapitalizar diretamente os bancos em dificuldades sem agravar a dívida pública dos respetivos países.

A proposta de compromisso que está a ser discutida

cria um novo conselho de supervisão dentro do BCE no qual todos os países da UE que participarem no sistema terão assento e direito de voto.

Mas a França e a Alemanha colocaram obstáculos a esta nova proposta, acrescenta o diário lisboeta:

As hesitações de Berlim têm, no entanto, sobretudo a ver com uma relutância não assumida de perder o controlo sobre a supervisão dos pequenos bancos regionais de poupança (Landesbanken), cuja fragilidade constitui um segredo mal guardado. (...) Os franceses, sobretudo, temem que os bancos sob alçada dos supervisores nacionais levantem suspeitas sobre a sua solidez e percam assim o acesso ao mercado do crédito interbancário, crucial para lhes permitir financiar a economia.

No seu editorial, Le Monde resume a questão da união bancária a “uma batalha entre a City e Paris” e relembra as posições de cada um: “os franceses querem apressar as coisas. Os alemães pretendem tomar o seu tempo. O Reino Unido quer proteger a sua City. A regulamentação deverá ser confiada […] ao BCE, portanto, será uma das instituições da zona euro – da qual a Grã-Bretanha não é membro – que tratará dos assuntos da City! Mais vale ser direto: Londres não gostou nada disso! […] Mas a verdade é que esta batalha oculta uma questão muito importante: mais eurocéticos que nunca, quererão os britânicos permanecer na Europa?

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