Estónia embarca num navio em aflição

Publicado em 3 Janeiro 2011 às 16:49

No dia 1 de janeiro, a Estónia tornou-se o décimo sétimo membro da zona euro. “A passagem para o euro não vai alterar essencialmente a vida dos estónios, mas vai ser preciso habituarem-se a quanto custa cada objeto em euros”, constata o Postimees. “Durante algum tempo, as pessoas vão provavelmente ter mais cuidado com as despesas e aplicar-se em saber se o preço em euros corresponde ao antigo preço em coroas estónias. A experiência alerta para preços excessivamente ‘arredondados'.”

“Pelo menos, com a entrada da Estónia na zona euro, os cidadãos deixam de temer a desvalorização da moeda, um receio real há apenas um ano”, acrescenta o diário. O céu por cima da zona euro também não andou desanuviado, nos últimos anos. A crise revelou uma ausência de disciplina financeira de vários Estados e os pessimistas falam de uma eventual fragmentação da zona.

“Este contexto leva-nos a perguntar porque a Estónia fez tantos esforços para embarcar num navio que pode estar a naufragar”, observa o *Postimees*. “Ora, se a zona euro estoirar, o desmoronamento será tal que estar-se dentro ou fora dela não fará qualquer diferença.”

“A pequena Estónia vai reforçar o euro”, considera, por seu lado, Edin Mujagic, da Universidade de Tilburgo, na Holanda, num artigo publicado no Volkskrant. Ainda que a república báltica não seja uma superpotência económica, é “um prodígio” em matéria de finanças públicas, assegura a publicação. A sua dívida pública é de apenas 7%, bem menor que a das economias fortes da zona euro.

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Segundo ele, a entrada da Estónia para a moeda única é uma boa notícia para a Alemanha, a Holanda e a Finlândia. Para esses países, que se considerem bons pagadores, a integração nas instâncias do Banco Central Europeu de um país “que incentiva as finanças públicas saudáveis, que não quer financiar a dívida comprando obrigações do Estado e que dá prioridade ao controlo da inflação não é uma má aquisição”.

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