A euforia na Europa devido aos resultados das eleições gregas, que viu o partido favorável ao memorando de entendimento com o FMI, o BCE e a UE ganhar no dia 17 de junho, desvaneceu rapidamente: acabados de chegar a Los Cabos, no México, para o G20, os dirigentes europeus foram incitados pelos seus parceiros, e em particular pelos Estados Unidos e os países emergentes, a agir rapidamente para reprimir a crise que abala a zona euro e relançar a economia.

“A maioria dessas críticas são convites, ligeiramente disfarçados, para liberalizar o modelo europeu”, observa em Paris o Libération, para quem

O modelo social europeu repousa sobre um compromisso social. No entanto, esta ideia está a tornar-se uma minoria a nível mundial. Por isso, não é por acaso que José Manuel Barroso, o presidente da Comissão, e Herman Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu, se anteciparam, convocando uma conferência de imprensa logo após a abertura oficial do G20.

“A Europa não recebe lições de ninguém” afirmaram em coro nesta ocasião, mostrando assim que não pretende ficar de braços cruzados, constata De Standaard. O diário de Bruxelas acrescenta que Barroso foi muito severo com os países que criticaram as medidas adotadas pela Europa para resolver a crise: “Não viemos aqui para receber lições de democracia”.

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“Os europeus não toleram que se lhes dê lições”, ecoa o semanário alemão Die Zeit, resumindo a posição de Angela Merkel e Barroso no G20. Os europeus recusam a crítica quanto à sua gestão da crise e insistem na necessidade de tornar a UE mais democrática através de uma integração reforçada, adianta o semanário de Hamburgo:

Numa discussão entre Merkel e o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ambos concordaram na urgência de promover a integração europeia. […] Barroso quer adaptar as estruturas financeiras da União, o que implica as tais euro-obrigações que Merkel sempre recusou, mas, disse ele, “somente quando se atingir uma maior integração financeira e política”.

Do lado dos países emergentes, assimila-se a crise financeira europeia e a atitude dos dirigentes europeus a “uma crise de liderança”, como realça o Indian Express. Segundo o diário de Nova Deli,

apesar da sua incapacidade de agir a tempo, com competência e autoridade, a UE continuará a procurar uma solução para os seus problemas económicos atuais no seio do seu próprio quadro. Mas deve colocar as coisas na ordem certa. A iniciativa da semana passada de criar uma união bancária equivale a pôr o carro à frente dos bois. Sem uma união fiscal e uma estratégia europeia de resgate, ninguém estará interessado nesta união bancária. O desafio para a UE é encontrar o seu “Ambdedkar” [pai da Constituição indiana]. Esta precisa de uma Constituição que permita aos seus dirigentes propor soluções a nível continental para um problema que afeta toda a Europa. Precisa tanto de uma unidade emocional, como de uma nova estratégia para gerar empregos competitivos a nível mundial. Se isto parece um desafio insuperável, a UE pode sempre optar pela solução preferida de muitos britânicos: um mercado único normal, como a zona de comércio livre do sudoeste Asiático. Um mercado único com diversas moedas e Estados-membros soberanos.

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