"Fiat em rutura", destaca o Il Sole 24 Ore: o diretor executivo, Sergio Marchionne, anunciou na segunda-feira [3 de outubro] que o líder da indústria automobilística de Itália vai sair da Confindustria, a associação de empresários italianos. Após meses de atrito, a gota de água foi a decisão confederação de contornar uma norma recente que facilita as demissões, na sequência da greve geral convocada a 6 de setembro pela CGIL, a maior força sindical de Itália.

O jornal da Confindustria condena veementemente a atitude “política” de Marchionne e defende a necessidade de entendimento com o sindicato, "uma força social de 6 milhões de pessoas, mais representativo que qualquer partido". A linha dura da Fiat sobre a reforma laboral pode pôr em risco a coesão social, "um elemento fundamental para a competitividade da Itália. Se ainda não assistimos a Indignados sem controlo, como noutros países, é por alguma razão.”

Por outro lado, o La Stampa, propriedade da Fiat, defende Marchionne e adverte que curvar-se perante os ditames dos sindicatos equivale a "optar pela irrelevância internacional, tornando-se num país-museu. A Itália precisa de decidir se ainda quer desempenhar um papel de liderança económica, e não pode defender direitos coletivos sem sacrificar os dos desempregados e dos jovens, como infelizmente acontece".

Para todos os efeitos, vive-se um "momento histórico",segundo o La Repubblica: "Durante um século, a Fiat e a Confidustria estiveram sempre em sintonia. A primeira costumava escolher o presidente da segunda. Era um ‘poder forte’ que ditava a política aos governos [... ]. Ao afastar-se da Confindustria, a Fiat parece determinada a outra retirada, muito mais relevante: a retirada de Itália", com que Marchionne tem muitas vezes ameaçado, depois de ter adquirido a maioria das ações do fabricante norte-americano Chrysler. "A empresa decidiu apostar tudo em Detroit e lidar com a concorrência interna apenas através de cortes de produção e na mão de obra. O divórcio está iminente".

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