Guerra comercial em torno de painéis solares

Publicado em 6 Setembro 2012 às 13:20

O lançamento, a 6 de setembro, de uma investigação da Comissão Europeia sobre possíveis violações da legislação antidumping por empresas chinesas que, alegadamente, vendem painéis solares abaixo do preço de custo, pode marcar o princípio de uma nova guerra comercial contra a China, com Pequim a ameaçar retaliar contra os vinhos e os materiais industriais europeus.

Segundo o New York Times, o caso “segue-se a uma série de falências e encerramentos de fábricas por fabricantes europeus de solar” nos últimos anos. A queixa apresentada em Bruxelas partiu de um consórcio de cerca de 20 produtores europeus responsáveis por um quarto da fabricação de painéis da UE”, escreve The Guardian, que cita uma fonte europeia que disse que “em termos de valores de importação afetados, esta é a mais importante queixa antidumping que a Comissão Europeia recebeu até hoje”.

O diário britânico continua:

No ano passado, a China, que responde por dois terços da produção mundial, exportou painéis solares no valor de 21 mil milhões de euros para a UE, cerca de 80% dos painéis exportados. O mercado é enorme. No espaço de poucos anos, a China tornou-se no maior produtor mundial de painéis solares, enquanto a UE é, de longe, o maior mercado para os produtos chineses.

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A questão ameaça ser extremamente controversa e politicamente sensível. O Governo alemão, que goza de uma “relação especial” de comércio e exportações com a China, está preocupado com a possibilidade de incorrer na ira de Pequim, embora a queixa tenha sido liderada por empresas alemãs.

A Comissão comprometeu-se a entregar um veredicto provisório sobre a disputa, o que poderia resultar na imposição de tarifas temporárias sobre os produtos chineses, já em junho do próximo ano. A partir daí, os governos da UE terão de decidir como proceder com base no veredicto final, esperado para o início de dezembro [de 2013].

O anúncio da investigação desencadeou reações dececionadas em Pequim que, segundo escreve o jornal The Guardian, investiu muito em lóbi contra a queixa, em Bruxelas. O jornal oficial de Pequim em língua inglesa, China Daily, alerta que a China vai retaliar com restrições comerciais sobre a UE, se Bruxelas prosseguir com a investigação. E acrescenta:

A China expressou "profundo pesar" pela decisão da Comissão Europeia [...] alegando que irá prejudicar o desenvolvimento da indústria global de energia limpa.

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