Roxana Coman / Evenimentul Zilei.

Kitsch: Um estilo de vida

Através de uma exposição de fotografias e objectos kitsch, os alunos da Faculdade de História de Bucareste mostram a que ponto a adesão do seu país à UE, originou uma nova cultura

Publicado em 21 Maio 2009 às 18:17
Roxana Coman / Evenimentul Zilei.

A reprodução da âncora, o relógio despertador com anjinhos, as caixas de música ou as flores de plástico foram catalogados como kitsch pelos autores da exposição «O Kitsch, um estilo de vida». Também não lhes escapou o palácio de Gigi Becali, patrão do clube de futebol Steaua Bucarest, com um enorme crucifixo dourado que se vê por cima do gradeamento ou os casinos instalados em edifícios da época, decorados com grinaldas luminosas como se fosse Natal.

Mihaela Pop, uma professora da Faculdade de Filosofia d Bucareste que se ocupou da organização da exposição, ao lado dos estudantes da Faculdade de História da capital romena, considera que "o Kitsch favorece o prazer fácil, sem esforço intelectual, negando a autenticidade". Mas também tem uma função social. "Os objectos kitsch são escolhidos pelos seus possuidores para sublinharem o seu estatuto. Podemos falar do homem-kitsch, da mentalidade-kitsch, baseada na felicidade imediata e fácil, no frenesim da posse, no desejo de ter o maior número de objectos possível", explica ainda.

A exposição contém igualmente fotografias de objectos que se podem encontrar nas bancas das feiras e mercados: t-shirts e pulseiras de cores estridentes, brilhantes, velas vermelhas com imagens coladas de santos, papagaios, coelhos e pratos com a imagem da "Sagrada Família" e os vulgares querubins rechonchudos.

« O Kitsch tende a ser agressivo, a invadir todos os compartimentos da nossa vida, quer se queira ou não», acredita Roxana Coman, estudante do terceiro ano da Faculdade de História.

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Mas não é só característico da sociedade romena. «Este estilo aparece nos períodos de mudanças sociais rápidas, como sucedeu entre nós depois dos anos ’90. Os homens da sociedade comunista tiveram de se confrontar, em poucos anos, com os mesmos desafios que os ocidentais enfrentaram ao longo dos 30 a 40 anos que nos separavam", diz ainda Pop. "É evidente que se trata de um choque entre duas culturas diferentes, ocorrido depois da adesão à UE, o que gera os fenómenos kitsch".

A solução perante a avalanche de mau gosto, tal como a vê Mihaela Pop, é adoptar uma atitude anti-kitsch com base na cultura séria.

A exposição pode ser visitada até 2 de Junho, na Faculdade de História da Universidade de Bucareste.

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