Naufrágio da fusão EADS-BAE? “A culpa é de Rousseau!”

Publicado em 11 Outubro 2012 às 13:32

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Um dia depois do fracasso da fusão entre o consórcio aeronáutico e de defesa europeu EADS e o grupo britânico BAE Systems, o jornal Les Echos interroga-se, sob o título "O que quer a Alemanha da Europa?", sobre as verdadeiras intenções de Berlim, acusada por Paris e Londres de ter torpedeado a operação. Reconhecendo, no seu editorial, que a questão é "um pouco tabu e perturbadora, por pôr em causa a sinceridade do discurso europeu de Berlim", este diário económico recorda uma série de sinais que, em seu entender, indicam que o compromisso europeu da Alemanha se situa mais no plano das palavras do que dos atos.

O compromisso europeu da Alemanha começou por ser contradito ao longo do folhetim ainda não terminado da crise da zona euro. […] Há mais de três anos que os esforços no sentido de criar instrumentos de solidariedade financeira têm deparado com repetidos bloqueios, negativas, adiamentos e reticências de Berlim.

Segundo o editorialista, passou-se o mesmo no domínio da Europa da energia, quando "a Alemanha decidiu abandonar o nuclear, sem qualquer concertação com os seus vizinhos, uma decisão isolada com efeitos massivos para o continente.

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O último episódio diz respeito à "Europa da Defesa, que fracassa devido às reticências alemãs".

O veto alemão destrói esse grande sonho europeu e mergulha o britânico BAE num impasse estratégico. O cúmulo é que o BAE poderá ser forçado a sair do impasse, passando para o controlo da Boeing, o que somaria a humilhação ao fracasso.

Do lado alemão, o Die Zeit encara o fracasso com filosofia: "A luta sem tréguas em torno do EADS e do BAE mostra sobretudo até que ponto as diferenças culturais ameaçam as fusões na Europa". Para este semanário de Hamburgo, as resistências alemãs de última hora são apenas uma explicação superficial do fracasso: "O verdadeiro culpado é Rousseau.

A dificuldade de fusão de duas empresas como o EADS e o BAE tem as suas origens no século XVII. Na época, a França e a Inglaterra desenvolveram duas conceções muito diferentes da propriedade.

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