O David europeu

Publicado em 13 Maio 2011 às 11:03

Havia duas partes da Europa em Florença, pela altura do Festival d`Europa que se realizou entre 6 e 10 de maio. Na Piazza della Signoria, os milhares de visitantes, na sua maioria jovens, vasculharam os stands da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e de alguns os Estados-membros, no sentido de ler, escutar e aprender acerca desta União que deu ares festivos.

No Palazzo Vecchio, sede do município, um público mais conhecedor ouviu os oradores do colóquio sobre “O Estado da União”, onde líderes políticos, económicos e os especialistas convidados discutiram os desafios que a Europa está atualmente a enfrentar.

Como podem estas duas partes da Europa conviver? E os jovens que compreendem que forja o seu quotidiano, e os especialistas que se interrogam sobre a forma de manter a sua relevância? Todos têm a resposta; a comissária europeia da cultura, Androula Vassiliou, salientou a dimensão cultural da construção política. O presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, revogou a importância primordial de conciliar democracia, cooperação e crescimento económico. O antigo comissário Mario Monti defendeu o mercado interno que garante uma dinâmica comum. O economista André Sapir lembrou que após o fracasso da estratégia de inovação de Lisboa, a UE não podia deixar passar outra década de perda de competitividade.

Estas reflexões de especialistas podem parecer abstratas para o público em geral. Mas, como sempre, desde o início da construção europeia, pô-las em prática pode afetar a vida dos europeus. Lorenzo Bini Smaghi, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu, lembrou-o quando advertiu que não se poderia considerar friamente a re-estruturação da dívida grega, sem considerar as consequências “desastrosas” que essa decisão poderia ter no bem-estar dos gregos.

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A Europa é um pouco como a escultura de David de Miguel Ângelo, incluindo a réplica diante do Palazzo Vecchio, observou Bini Smaghi: “Ele é jovem, vigoroso e, de alguma forma, frágil, mas está preparado para enfrentar os desafios e sabe que pode vencer”. Não há líderes políticos nacionais em Florença. Mas seria interessante saber para onde estão virados atualmente.

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