Porquê França ou Dinamarca vão vencer o Mundial

As estatísticas falam por si: países com maiores taxas de carga tributária têm mais probabilidade de vencer em torneios internacionais de futebol.

Publicado em 23 Junho 2018 às 11:25

“Futebol é um desporto simples: 22 jogadores correm atrás duma bola durante 90 minutos e, no fim, os alemães ganham sempre”. Esta frase do jogador inglês de futebol Gary Lineker que é talvez uma das mais conhecidas citações da história do jogo nunca foi tão falsa. A verdade é a seguinte. Futebol é um desporto simples: 22 jogadores correm duma bola durante 90 minutos e, no fim, são os países que cobram mais impostos que ganham sempre. É, com certeza, menos apelativo mas é uma comprovada e irrefutável lei.

Depois do Euro 2016, que ocorreu em França, achamos divertido olhar para as cargas tributárias e os resultados de cada país. A conclusão é que muitos impostos não prejudicam a sorte das equipas. Mas o contrario é mesmo verdade : as equipas que tiveram os melhores resultados no torneio foram as nações que tinham a maior taxa de carga tributária - ou seja a relação entre os pagamentos obrigatórios, as quotizações e as contribuições para a segurança social e o produto interno bruto (PIB).
Estamos, portanto, capazes de revelar que a Dinamarca será campeã do mundo no próximo 15 de junho, depois duma final disputada com a França.

Gastos públicos competitivos

A nossa metodologia é suficientemente simples: se dois competidores têm mais de 5 pontos de diferença na taxa de carga tributária, o país que cobra mais impostos será vencedor. Se a diferença é de menos de 5 pontos, decidimos que seria equivalente a um empate na fase de grupos. Na fase eliminatória, onde a diferença é sempre de menos de cinco pontos, substituímos a análise fiscal com (admitimos que seja menos infalível) pelos conhecimentos desportivos da redação de Alternatives Économiques. Graças a uma vantagem de 5,15 pontos, a Dinamarca consegue vencer a França na final do Mundial de futebol 2018.

A explicação? Outra vez bastante simples: os países com maior nível de imposição são geralmente designados como os mais desenvolvidos. Graças aos gastos públicos e a alta qualidade dos sistemas de proteção social, os habitantes destes países encontram-se de boa saúde e têm suficientemente tempo livre para fazer desporto.

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Alem disso, com um alto nível de investimento publico, os jogadores de futebol destes países têm acesso a um equipamento da melhor qualidade, enquadramento com experiência, clubes estruturados e são muitas vezes pagos parcialmente pelas colectividades locais.

Assim, o “milagre islandês”, que a Islândia e os seus 320 000 habitantes viveram quando o país qualificou-se para os quartos de finais, e quando depois qualificou-se para o primeiro Mundial da sua história, não é nada um milagre. O futebol islandês teve este desenvolvimento significativo graças a alta qualidade do equipamento desportivo e treinadores bem formados, como os nossos colegas de l’Equipe Explore documentaram muito bem.

Dinamarca e França no “grupo da morte” fiscal

Agora, a taxa carga tributária das 32 equipas do Mundial é de 33,5%. 7 dos 8 grupos tem uma média parecida. Um só grupo claramente sobressai: O grupo C da França. Este “grupo da morte” fiscal conta com a Dinamarca (58.7%), a França (53.5%), a Austrália (34.09%) e o Peru (22.4%).

Obviamente, o futebol é um dos desportos com maior incerteza de resultado (os melhores competidores ganham menos do que noutros desportos), é haverá forçosamente surpresas que causarão duvidas relativamente a nossa teoria. Não fique enganado, o vencedor será um amador de impostos.

Talentos relativos

Esta relação também revela que o talento dos jogadores de futebol (como de outras “estrelas”) é relativo. Não é só fruto da natureza, mas é também o resultado de treinos e duma construção social. Isto não significa que o talento não pode aparecer em todos os sítios: muitos jogadores com origens modestas provaram o contrário.

Mas o nível de educação, o suporte e as infraestruturas fornecidas aos jogadores e as equipas são decisivos para aumentar as possibilidades de progresso até ao mais alto nível. Isto é uma coisa que às vezes o futebol mundial esquece-se quando se queixa do nível de imposição… ou nega-se a contribuir, como a UEFA o fez para o Euro 2016.

Nota para os leitores: enquanto este artigo é (relativamente) sério, o mesmo não se pode dizer da análise na secção final !

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