“Mas aquela gente é louca. Nós, aqui, a fazer um esforço tremendo para encontrar uma solução que vá ao encontro daquilo que eles precisam e eles dão um tiro na cabeça”. Desculpem a forma excessivamente coloquial com que começa esta crónica, mas imagino que deve ser mais ou menos isto que os nossos parceiros estarão a pensar de nós em Bruxelas ou em Berlim, onde quaisquer pormenores sobre o mau feitio do primeiro-ministro são absolutamente irrelevantes. O que veem é um país suicidário e sem rumo, que abriu uma crise política precisamente no único momento em que ela devia ser considerada impossível.
Nada disto impede que o nosso destino imediato se vá decidir nos próximos dias. Hoje, quando as linhas gerais do PEC forem chumbadas no Parlamento. Nos dois dias do Conselho Europeu de Bruxelas, onde o primeiro-ministro comparecerá (demissionário ou não) sem qualquer capacidade negocial. E, finalmente, no dia seguinte, quando já não for possível arrepiar caminho e as consequências se abaterem sobre nós.
Ninguém pode antecipar as reações dos mercados. Mas é difícil imaginar um quadro que fuja à subida das taxas de juro da dívida e à descida do rating da República. Com as consequências que se conhecem. E num momento em que o país tem de pedir emprestados até junho mais de 10 mil milhões de euros, quando a banca só se consegue financiar junto do BCE e as empresas públicas não se conseguem financiar lá fora. Para quem tem dificuldade, no meio da esquizofrenia política, em entender exatamente o que está em causa, vale a pena lembrar alguns factos. Ler versão integral do artigo no Público ou nas restantes nove línguas do Presseurop...