
A liderança do Cavaliere dentro do seu próprio campo começa a vacilar, apesar de o Il Giornale, diário da família Berlusconi, afirmar que foi “o medo” provocado pelo acidente nuclear de Fukushima (Japão) que triunfou e não a rejeição a Berlusconi, a imprensa italiana está de acordo ao dizer que o chefe do governo é o grande derrotado da votação. Assim, para o La Repubblica:
A flauta mágica partiu-se; ao fim de 20 anos, os italianos recusam-se a seguir a música de Berlusconi. Quatro leis desejadas pelo chefe do governo foram rejeitadas por uma avalancha de “sins”: uma rebelião difusa e consciente que, após a derrota da direita nas grandes cidades, acelera o fim do berlusconismo, agora atolado e esvaziado de toda a energia política.
O Corriere della Sera também vê na votação dos referendos o “crepúsculo” da “longa era” berlusconiana:
Hoje, fecha-se uma década de governo do Cavaliere: Berlusconi governa desde 2001 – oito destes dez anos. Thatcher governou 11 anos, Tony Blair, 10. Os eleitores democratas são pacientes e tolerantes, mas de um momento para o outro, agigantam-se e desembaraçam-se do passado. O veredicto desta primavera eleitoral italiana é tão claro que não vale sequer a pena discutir as suas causas. Sem sucessor para Berlusconi, a transição são será, por isso, nem ordenada, nem rápida.
Quem vai beneficiar com esta “primavera italiana”? Por enquanto, ninguém, defende o La Stampa, para quem:
Os referendos foram ganhos pelos cidadãos que acreditam novamente na política, mas não nos políticos. Um movimento de massas divorciado dos partidos, que sanciona o declínio dos dois chefes dos grupo [Berlusconi e o seu aliado da Liga do Norte, Umberto Bossi] mais importantes dos últimos 20 anos, mas que não entrona ninguém nos seus lugares, porque, na sua opinião, não há ninguém que seja estranho à Casta [político-financeira].


