Quem irá repor a ordem?

As eleições de 6 de maio abalaram o centro do cenário político grego e não existe uma maioria capaz de governar. No entanto, escreve o Kathimerini, os políticos desacreditados junto do eleitorado e dos seus parceiros europeus devem encontrar o caminho para a recuperação.

Publicado em 8 Maio 2012 às 15:17

Qual será o efeito da mensagem contundente das eleições de domingo? O país não dispõe de muito tempo nem de grande margem de manobra. Há quem goste de pensar que os resultados assustarão a Alemanha e a França, levando-as a flexibilizar as exigências orçamentais impostas à Grécia e, talvez, a enviar para o país um pacote de ajuda generoso.

Por outras palavras, têm esperança que os estrangeiros que concedem empréstimos percebam que transformar a Grécia numa espécie de república de Weimar é simplesmente uma antevisão daquilo que acontecerá em breve em Itália, em Espanha ou mesmo em França.

Só que as coisas não são assim tão simples. Os nossos parceiros estão, evidentemente, mais preparados para, por assim dizer, o "insucesso" grego ou mesmo para a saída da zona euro. A flexibilização das exigências orçamentais significaria mais dinheiro para a Grécia – uma coisa que não iria cair bem junto de nenhum dos parlamentos da Europa.

Políticos gregos não são fiáveis

Mas há ainda outro problema. A maneira como os nossos parceiros encaram os políticos gregos não é muito diferente da nossa: não confiam neles. Pensam que estes não são fiáveis. Por outro lado, não veem grande vontade de mudar nos principais partidos da Grécia, nem divisam no horizonte nenhum partido reformista. O provo grego também afrontou tudo o que tem a ver com o memorando UE-FMI. E, enquanto não virem nenhum movimento significativo no sentido da renovação, as pessoas voltar-se-ão para partidos que dão voz ao protesto, como o liderado por Alexis Tsipras.

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É óbvio que, se os alemães não alterarem as suas posições e se não houver no nosso país soluções convincentes, a votação de domingo será o prenúncio da dracma. Alguns dizem que, se houver cortes nos salários e nas pensões, as pessoas irão perceber o que está a passar-se. Talvez seja assim que as coisas funcionam, mas isso poderia ser uma arma de dois gumes, que encolerizaria ainda mais as pessoas.

Um povo mais adulto

Nenhuma solução pode ser imposta a partir do topo. Os argumentos a favor da luta pelo euro terão que ser definidos. No domingo, ficou claro que a elite política e económica de Atenas fala uma língua diferente da do resto do país.

Nos próximos dias e meses, vamos enfrentar algumas dificuldades. É o que sempre acontece, quando um sistema corrupto cai e não há nada que o substitua. É o que sempre acontece, quando um povo se torna mais adulto de repente, ao fim de décadas de vida fácil. No domingo, este povo virou as coisas de pernas para o ar. Agora, está à espera de que alguém restabeleça a ordem.

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