A chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro grego Georges Papandréou, em Berlim, a 22 de fevereiro de 2011.

Um mês para encontrar uma solução para a crise

Em visita a Berlim, dia 22 de fevereiro, o primeiro-ministro grego tentou conseguir um prolongamento do prazo de pagamento do plano de salvamento do seu país. Mas enquanto o descontentamento social e a pressão dos banqueiros europeus cresce, os 27 só irão decidir no final de março.

Publicado em 23 Fevereiro 2011 às 16:29
A chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro grego Georges Papandréou, em Berlim, a 22 de fevereiro de 2011.

"É imperioso um acordo global entre os membros da UE, no próximo dia 25 de março, em Bruxelas, no Conselho Europeu. Senão, a situação vai piorar na Europa e na Grécia ", declarou ontem o primeiro-ministro Georges Papandreou, ao fazer o balanço da situação à chanceler alemã Angela Merkel, cerca de um ano depois do plano de rigor. "A Europa tem responsáveis", sublinhou, e "é preciso pôr fim a esta história, virar a página e não nos encontrarmos novamente perante uma crise como aquela que atravessámos durante meses".

Para o primeiro-ministro, o objetivo é, acima de tudo, adiar o prazo de pagamento do empréstimo de 110 milhões de euros acordado pela UE e pelo FMI. Esta opção está "prevista", "mas é razoável que não se tome uma decisão precipitada, sendo preferível uma resposta global. E isso é melhor para a Grécia". Mas Angela Merkel, com a ideia fixa na derrota eleitoral do seu partido nas eleições regionais de Hamburgo, domingo passado, recusou desde logo encontrar uma solução para o problema global da zona euro, no qual se inclui o "problema grego".

"Inúmeros alemães acham que os gregos vão conseguir"

Consequentemente, "continua tudo sobre a mesa" das negociações, segundo fonte governamental. Mesmo que reconheça que o Governo grego tomou decisões "difíceis", a chanceler alemã recusa-se a prolongar o pagamento e a submetê-lo a uma decisão europeia. Obviamente que a cimeira de final de março vai coincidir com as eleições em Bade-Wurtemberg e Angela Merkel irá estar novamente sob pressão do seu partido. A imprensa alemã já fala de "punição" nas urnas em relação à sua posição evasiva sobre a Grécia. É pouco provável que a chanceler mude de posição até março, não se prevendo que apoie a moeda única.

Naquilo que nos diz respeito, em relação ao prolongamento do pagamento da dívida, Angela Merkel "refletiu" e "está tudo em aberto". Claro que a chanceler irá ater-se aos resultados do plano de salvamento para ver se a Grécia está em condições de fazer parte do pacto de competitividade, promovido por si própria e por Nicolas Sarkzoy, do qual a Grécia gostaria de ser dispensada [atendendo às condições demasiado rigorosas do pacto].

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A chanceler alemã apoiou a Grécia e assegurou que "inúmeros alemães estão persuadidos de que os gregos vão conseguir, mas [que] é preciso continuar a fazer esforços". Isto provocou, naturalmente, um protesto dos gregos que, neste momento, estão convencidos de que se preparam novas medidas de austeridade, mesmo que o primeiro-ministro afirme o contrário. Depois da Alemanha e da Finlândia, o primeiro-ministro grego irá visitar outros países europeus, enquanto o descontentamento alastra no seu país, na oitava greve geral desde o início da política de austeridade.

Moeda

Abandonar o euro?

"A falência e o regresso do dracma": para o diário Avriani, o presidente do Bundesbank, Axel Weber, e os economistas não dão outra alternativa à Grécia. Num artigo publicado no Financial Times, Weber opôs-se à compra de obrigações do Estado pelo Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, uma medida que aliviaria a dívida grega. Por seu turno, num relatório publicado pelo Grupo de Aconselhamento Económico Europeu e divulgado pelo Süddeutsche Zeitung, os economistas estimam que a Grécia se arrisca a precisar de um novo plano de salvamento até 2013 e recomendam que o país saia da zona euro e retome a moeda nacional, o dracma.

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