Uma Europa ao gosto do freguês

Publicado em 20 Agosto 2010 às 12:46

Sem grande surpresa, a Suíça decidiu, a 18 de agosto, manter a sua neutralidade ativa. Nem completamente fora da UE, nem dentro, prossegue a via bilateral, baseada em quase 120 acordos assinados com os Estados membros. São textos frequentemente palavrosos e rebarbativos, mas que garantem, segundo o Governo suíço, “os interesses do país”. A Confederação não é o único país europeu determinado a não pôr todos os ovos no mesmo cesto. A Norte, a Noruega, que faz parte desde 1992 do Espaço Económico Europeu (EEE, composto pelos Vinte e Sete, mais o Liechtenstein e a Islândia), defende a sua bem-amada independência, adotando ao mesmo tempo a quase totalidade das diretivas comunitárias. A Suécia recusou a moeda única, mas certas cidades rebeldes suecas utilizam o euro. O Reino Unido entra e sai das instituições com uma facilidade desconcertante: faço parte da União, mas não quero a vossa moeda única, o que não quer dizer que não tenha uma palavra a dizer. Em suma, há vários países para quem o namoro não é para levar ao casamento.

A pertença à União não é – e não deve ser – uma obrigação. Mas parece não ter o mesmo sentido para os que fazem parte dela e para os seus vizinhos: há os que a adotam integralmente, os que só a querem por metade, os que aproveitam os seus encantos… A lista das possibilidades é extensa. Em vez de fazer como a Noruega – que, segundo as palavras da editora Eva-Lie Nielssen, é "um passageiro clandestino da UE, mas em classe executiva" –, não seria melhor assumir o facto e encarar formas de adesão limitadas a certos aspetos da União, nomeadamente a moeda única? Seria como viajar no mesmo comboio, mas não na mesma carruagem ou na mesma classe. E podia-se escolher, numa ementa europeia, os pratos que se pretendia. Iulia Badea Guéritée

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