Uma guerra que também é nossa

Publicado em 18 Janeiro 2013 às 15:17

O que deverá acontecer acontecerá: com a extensão à Argélia do conflito maliano, a operação militar lançada pela França, há uma semana, para bloquear o avanço das milícias islâmicas que controlam o Norte do Mali assume os contornos de uma guerra longa e difícil. Uma guerra que a França não será capaz de travar sozinha, sem a ajuda dos seus parceiros europeus e sem a NATO.

O envolvimento – militar, humanitário e diplomático – dos Vinte e Sete é tanto mais oportuno quanto a atual crise é o resultado de uma situação há muito conhecida e perante a qual se adotou uma política de avestruz. Na sua estratégia para o desenvolvimento do Sahel (março de 2011), a UE conhece bem o controlo “direto” e “indireto” da Al-Qaeda sobre uma parte da região. Mas privilegia sobretudo a ajuda ao desenvolvimento e à cooperação regional do que a luta contra as milícias armadas.

Não há nada de surpreendente nisto, porque este é um setor em que a UE tem reconhecida experiência. Mas isso é ignorar um dos principais - se não o principal - obstáculo ao desenvolvimento económico de uma região que tem já uma taxa de crescimento invejável. E os europeus parecem querer apenas aproximarem-se desse obstáculo com boas intenções, alguns aviões de transporte e o envio de formadores para os exércitos locais incapazes de enfrentarem jiadistas tão aguerridos quanto motivados. Vimo-lo, uma vez mais, esta quinta-feira, durante a reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.

Ora, tudo indica que isso não será suficiente para libertar a região da ameaça que as milícias representam, tanto para os países diretamente envolvidos como para a Europa. A sua neutralização – poderemos negociar com elas? – é uma condição essencial para a estabilização da região e para o seu crescimento económico. Os europeus podem ainda beneficiar de uma certa benevolência por parte das populações em causa, confrontadas com a realidade ou a perspetiva da ditadura dos grupos islamitas.

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Quer queiramos ou não, nas suas implicações, esta guerra também é dos europeus. E, por isso, melhor seria se tirassem a cabeça da areia e enfrentassem as suas responsabilidades – sozinhos ou no âmbito da UE – enquanto ainda gozam de um capital de simpatia na região.

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