Economia russa

Vivem-se “tempos mais difíceis do que o Governo pensa”

Com as sanções ocidentais em resposta à invasão do este da Ucrânia a fazer efeito e os preços do petróleo a baixar, a economia russa está sob pressão, e surgem nuvens cinzentas no horizonte.

Publicado em 21 Novembro 2014 às 14:45

“É o começo de uma recessão de três anos para a Rússia”, titula o Nezavissimaya Gazeta, acrescentando que o país vive “tempos mais difíceis do que o Governo pensa”. Segundo o diário de Moscovo, os analistas de um dos maiores bancos estatais da Rússia

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acreditam que as previsões oficiais para os próximos três anos estão muito longe da realidade […]: o país está a afundar-se numa profunda recessão que poderá durar pelo menos três anos. Não haverá recuperação económica entre 2015 e 2017. […] O PIB da Rússia cairá 1,3 por cento em 2015, 1 por cento em 2016 e 0,5 por cento em 2017. A recuperação não chegará, pelo menos, até 2018, com 0,3 por cento de crescimento. […] Teremos de nos esquecer do crescimento do investimento nos próximos três anos: a produção industrial cairá 1,8 por cento em 2015 e 1 por cento em 2016. Em 2017, verificar-se-á um crescimento nulo.

A própria previsão de crescimento da Rússia pela sua “economia do petróleo” – uma média de 2,1 por cento de crescimento anual ao longo dos próximos três anos – baseou-se no preço médio de 88 euros por barril no início deste ano, escreve o The Economist. Agora que o preço do barril caiu para baixo de 64 euros, o semanário britânico afirma que “a Rússia está a sofrer”:

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quando as economias se encontram numa rota insustentável, as finanças internacionais atuam muitas vezes como acelerador, empurrando os países para o limite mais rápido do que os políticos ou os investidores esperam. […] Mais de dois terços das exportações provêm da energia. O rublo desvalorizou cerca de 23 por cento em três meses. As sanções ocidentais também causaram danos, uma vez que os banqueiros aplicaram restrições não só aos amigos de Putin, mas também a uma ampla lista de empresas russas. De um modo mais geral, os anos de cleptocracia tiveram um efeito corrosivo. Grande parte da riqueza do país foi dividida entre os amigos de Putin. […] Se a economia russa entrar em colapso, serão feitos pedidos inevitáveis ao Ocidente para que as sanções sejam levantadas. Esta semana, Putin realçou que 300 mil empregos alemães dependem de relações comerciais com o seu país. No entanto, Angela Merkel manteve-se firme, e com razão. As ações têm consequências e Putin tem de o aprender. Quando se invade outro país, o mundo insurgir-se-á. E o mesmo acontece com a economia. Se Putin tivesse dedicado mais do seu tempo a fortalecer a economia da Rússia do que a enriquecer os seus amigos, neste momento não se encontraria numa posição tão vulnerável.

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