Geert Wilders, em Berlim, num evento organizado pelo partido alemão da direita populista Die Freiheit, em setembro de 2011.

Wilders, a Europa de Leste agradece

Ao lançar um sítio de Internet anti-imigrantes, o populista holandês faz, uma vez mais, uma provocação de mau gosto. Mas tem o mérito de nos fazer refletir sobre as relações entre os europeus dos dois lados do continente, escreve um editorialista checo.

Publicado em 24 Fevereiro 2012 às 15:59
Geert Wilders, em Berlim, num evento organizado pelo partido alemão da direita populista Die Freiheit, em setembro de 2011.

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-->Geert Wilders, o populista de direita holandês, devia ser feito cidadão honorário da Europa central. Por duas razões: o seu interesse pela eficácia da luta contra a corrupção levada a cabo pelos novos Estados-membros da UE e o seu apoio à integração dos seus cidadãos no mercado de trabalho comum.

O Partido pela Liberdade de Wilders lançou recentemente um sítio de Internet em que os holandeses podem apresentar casos em que um trabalhador polaco, checo ou romeno os tenha feito perder um trabalho. Populismo no seu estado mais puro, só por isso esta iniciativa contraria as leis em vigor na UE. É graças ao apoio do partido de Wilders que o Governo de centro-direita holandês conserva o poder. Por isso, os ministros guardam um silêncio pudico, enquanto Wilders se vangloria de já ter recebido 32 mil mensagens em apenas dois dias de funcionamento do site. E a Europa é, de novo, o palco de um debate sobre as (im)possibilidades do mercado comum de trabalho.

Este assunto poderia ainda ser considerado como completamente folclórico, uma emanação do populismo de direita em que Wilders e outros, na Europa Ocidental, fazem a sua cama, se não fosse esta posição muito mais grave assumida pela Holanda, tanto do ponto de vista da estrutura como funcionamento da União Europeia e que os coloca em contracorrente, um pouco como a República Checa com o pacto fiscal: bloqueiam a entrada da Roménia e da Bulgária no espaço Schengen, criticando-os por não conseguirem combater eficazmente a corrupção e por terem um sistema judicial que não funciona convenientemente.

Schengen - "o maior falhanço político desde 1989"

Há que precisar, no entanto, para sermos absolutamente justos, que a Finlândia, a França e a Alemanha ligam também abertamente o alargamento do espaço Schengen à questão da luta contra a corrupção e que nove dos mais antigos Estados-membros bloqueiam a abertura do mercado comum de trabalho aos romenos. Mas só a Holanda fez uso do seu direito de veto.

Os esforços dos diplomatas romenos para explicarem que os habitantes do segundo mais importante país pós-comunista da UE se sentem traídos pela integração europeia e relegados para a categoria de cidadão de segunda classe suscitaram muito pouco interesse. “Para a opinião pública romena e para os media, o facto de a Roménia estar fora do espaço Schengen é o maior falhanço dos líderes políticos desde 1989”, declarou Daniela Gitman, embaixadora da Roménia na República Checa, durante um debate sobre a Roménia e a sua relação com o espaço Schengen, realizado em Praga.

O último relatório da Comissão Europeia publicado no início de fevereiro insiste, novamente, nos esforços que a Roménia e a Bulgária ainda têm de fazer na luta contra a corrupção e na reforma dos seus sistemas judiciais. Um outro relatório da Comissão, datado do ano passado, classifica positivamente o estado de preparação destes dois países na proteção das fronteiras do espaço Schengen, sabendo que com os seus 2070 quilómetros, a Roménia possui, depois da Finlândia, a mais longa fronteira exterior do espaço comum.

Portas abertas aos populistas

A entrada no espaço Schengen foi adiada indefinidamente, uma decisão que tanto os responsáveis políticos como a opinião pública dos dois países consideram extremamente injusta. E, de facto, preenchem todas as condições técnicas. Os responsáveis políticos destes dois países dos Balcãs queixam-se que sempre que conseguem satisfazer uma nova exigência, os seus parceiros do Ocidente lhes impõem novas condições.

A última que foi feita é objetiva e ninguém a incarna melhor do que Geert Wilders: joga com o sentimento dos cidadãos dos “velhos” países-membros de estarem ameaçados e com a necessidade de se encontrar um inimigo externo. Para além dos gregos, os romenos e também os polacos, que são cerca de 300 mil a trabalhar na Holanda, cumprem muito bem essa função.

Os romenos sentem-se frustrados porque não há Europa suficiente. Os holandeses (tal com os finlandeses, os franceses e os alemães) sentem-se frustrados porque há Europa a mais. O resultado de tudo isto, combinado com a crise económica, é um sentimento de incerteza e de portas abertas aos populistas, tal como Geert Wilders. Na Roménia e na Holanda, mas também noutros países.

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