Como ocupar dez minutos de uma viagem de metro com uma única palavra? Basta alguém que não domine a língua alemã tentar dizer "Rindfleischetikettierungsüberwachungsaufgabenübertragungsgesetz" (poupamo-vos à tradução, pouco interessante… bem, já que insistem, quer dizer "lei sobre a transferência das obrigações de vigilância da rotulagem da carne de vaca").
Além-Reno, as pessoas são muito boas com as palavras quilométricas. O segredo reside no genitivo saxónico. Um "s" entre as palavras permite ligá-las quase até ao infinito. Para dizer a mesma coisa em francês [e em português], são precisas nada menos de 14 palavras. Em França e em Espanha [e também em Portugal], a palma é atribuída, regra geral, a "anticonstitutionnellement" e "anticonstitucionalmente". Menos de 26 letras… um número ridículo, em comparação com o "dziewięćdziesięciodziewięcionarodowościowy" polaco, que significa "ser de 99 nacionalidades". Uma coisa tão improvável como um não-falante de polaco conseguir pronunciar tal palavra!
Na categoria de humor, o prémio vai para a Inglaterra: a piada consiste em dizer que a palavra mais comprida é "smiles", porque, o primeiro e o último "s" distam um do outro uma milha ("mile", ou seja, 1609 metros) [em Portugal, há quem diga que é "arroz", que começa no "a" e acaba no "z"]. Entre as pérolas destas palavras intermináveis e de pronúncia dolorosa inclui-se o neologismo "supercalifragilisticexpialidoso", do filme da Disney "Mary Poppins". A ama perfeita, que desce do céu com a ajuda do guarda-chuva, afronta-nos, cantando esta palavra que tantas dores de cabeça nos deu, com uma dicção irrepreensível. A letra da canção explica que quem souber pronunciá-la "parecerá sempre arguto" e que as pessoas vão pensar: "aqui está um homem inteligente". Hum…
France Dutertre