Uma decisão relativamente bem recebida pela imprensa europeia.
“Tribunal de Justiça da União Europeia sanciona o ‘turismo social’”, titula o Les Echos, que relembra que “o Tribunal tinha sido consultado por uma romena, Elisabeta Dano, “que vive com a filha na casa da irmã, em Leipzig, desde 2010, e a quem o centro de emprego recusou prestar ajuda social”. O diário acrescenta que
a questão do turismo social é […] abordada no debate europeu há cerca de dois anos. A principal interessada nesta questão é a Grã-Bretanha, uma vez se trata de um dos principais ângulos de ataque de David Cameron, que tenciona renegociar as condições da Grã-Bretanha em relação à qualidade de membro da União Europeia. No entanto, num passado recente, a Alemanha, a Holanda e a Áustria também assumiram uma posição crítica contra os imigrantes europeus que beneficiam dos seus sistemas sociais. A Bélgica, por sua vez, já procedeu à expulsão de alguns imigrantes da União, que procuravam emprego e eram, portanto, considerados uma “sobrecarga injustificada” para o país, ou seja, um motivo muito idêntico ao invocado pelo Tribunal de Justiça da UE.
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O Die Zeit titula “As autoridades têm o direito de recusar a atribuição do Hartz-IV aos cidadãos europeus” e considera a decisão “justa”, realçando que
tal como antigamente, os cidadãos europeus têm o direito de procurar trabalho em toda a Europa e, se ficarem sem emprego, têm direito a ajudas sociais do Estado onde trabalharam. O que é justo. No entanto, seria injusto se os países ricos do norte tivessem de desempenhar o papel dos serviços sociais da União. Os juízes do Tribunal de Justiça da União Europeia sancionaram este princípio a nível jurídico.
Para o The Daily Telegraph, “os turistas sociais europeus arriscam-se a ser reenviados para o seu país natal após este acórdão histórico”. O diário debate político no Reino Unido e sublinha que
com esta decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, David Cameron prossegue de vento em popa. O primeiro-ministro britânico louvou o acórdão, qualificando-o de “um bom passo na direção certa” e de “bom senso”. Cameron prometeu limitar de forma significativa a imigração e ser firme relativamente ao “turismo social”, quando propôs um referendo sobre a adesão do Reino Unido à UE.