Notícias As eleições gregas vistas de Atenas (4/5)

A difícil tarefa do futuro primeiro-ministro

Apesar da forte campanha do dirigente da esquerda, Alexis Tsipras, Antonis Samaras, de direita, será provavelmente o próximo primeiro-ministro grego, considera o diário conservador Kathimerini, advertindo que ele vai estar dependente da boa vontade da UE para suavizar as condições impostas ao país.

Publicado em 14 Junho 2012 às 14:15

Aproxima-se o final de um processo insuportável, com o período pré-eleitoral a pôr em evidência um primitivismo político de proporções sem precedentes. Assim se catapultou o dirigente do Syriza, Alexis Tsipras, das franjas para o centro do palco político grego. As anteriores eleições resultaram num parlamento de extremos. Atingiu-se um beco sem saída.

O medo do desconhecido, os perigos de mudanças de grande dimensão, que podem revelar-se fatais, e o espetro de uma saída da Grécia da zona euro produziram uma galvanização da Nova Democracia, que pode levar a um crescimento significativo da sua percentagem nestas eleições, em comparação com as de 6 de maio. A decisão do regresso de Dora Bakoyani [ex-presidente da Câmara de Atenas e ex-ministra dos Negócios Estrangeiros] às fileiras da Nova Democracia tem seguramente repercussões, pois ajudou a recuperar eleitores liberais para o vasto palco do centro-direita, apesar da cisão de uma parte dos direitistas tradicionais em relação à Nova Democracia.

O dirigente Antonis Samaras [da Nova Democracia] vai quase garantidamente ganhar as eleições do próximo domingo. A sua primeira intervenção vai ser reverter as políticas catastróficas dos dois últimos governos do Pasok, que atacaram a crise com um lamentável amadorismo e que, em conjunto com a troika, traçaram dois planos publicamente reconhecidos como inúteis.

Os partidos políticos que pretendem que a Grécia se mantenha na zona euro colocam as suas esperanças numa mudança de posição da chanceler Angela Merkel em relação a Atenas, pressionada pelos países do Sul da Europa e pelos Presidentes francês, François Hollande, e dos Estados Unidos, Barack Obama – este em campanha para uma reeleição na primeira terça-feira de novembro.

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Colisão frontal com UE é irracional

Sem entrar nos aspetos morais da questão, o que se pede à Alemanha é que aguente o fardo da falência da zona euro, porque tem beneficiado da união monetária ao longo dos últimos anos, ainda que com base numa sábia política. Uma mudança radical na disposição do Governo alemão significaria o suicídio político de Merkel, a fim de salvar os Estados endividados da zona euro.

É pouco provável que Merkel se sacrifique a si própria, mas, até novembro, irá demonstrar alguns sinais de abrandamento – desde que se mantenha uma estrita disciplina fiscal – apenas para evitar uma colisão frontal com Obama. Este vai ser o período mais crucial para a Grécia. Muita coisa vai ser decidida em cima da hora, nos próximos meses, e é evidente que um governo de unidade liderado pelo ND, formado por partidos pró-europeus, seria o mais favorável.

Nas atuais circunstâncias, uma colisão frontal com a União Europeia, com base na crença de que "a pressão das massas" vai obrigar o bloco mais poderoso a mudar a sua posição, é precipitado e irracional.

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