Atenas, 5 de Maio de 2010 : confrontos entre os manifestantes e a polícia perto do Parlamento.

A um passo da revolução

Face ao descontentamento expresso pelos manifestantes contra o plano de austeridade do Governo, a classe política tem de reagir se quiser evitar “uma crise sem precedentes”, defende o editorialista Giorgos Delastik.

Publicado em 6 Maio 2010 às 15:42
Atenas, 5 de Maio de 2010 : confrontos entre os manifestantes e a polícia perto do Parlamento.

Nunca houve tantos manifestantes nas ruas de Atenas desde o restabelecimento da democracia, há 36 anos. Entre 50 a 100 mil pessoas expressaram a sua cólera e recusaram aplicar as medidas adoptadas pelo Governo de Georges Papandréou, por indicação do FMI e da União Europeia.

Frente ao Parlamento, pessoas idosas atiraram pedras e, pela primeira vez, todos gritaram em coro os mesmos slogans sobre a responsabilidade desta crise. Podia ouvir-se “fora os ladrões” ou “ladrões, ladrões”. Os gritos eram dirigidos a todos os deputados, coisa que não acontecia desde o fim do Governo da Junta Militar, em 1974.

Sem exagerar, a manifestação de ontem poderia ter sido um início de revolução. Pouco faltou para que os manifestantes entrassem no Parlamento. Não se sabe se os deputados e os ministros compreenderam a amplitude da mudança política que teve lugar nestas últimas 24 horas. Mas, se não perceberam, estamos a caminhar para uma crise política sem precedentes.

Vão continuar a realizar-se, e a radicalizar-se, as greves, as manifestações e os ajuntamentos. Os gregos jamais aceitarão a miséria e a pobreza impostas pelo FMI e pela UE. Papandréou tem de convencer os seus parceiros europeus de que a chanceler alemã, Angela Merkel, com as suas medidas, conduziu a Grécia para uma guerra social. E nestas situações, tudo pode acontecer.

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