25 anos da queda do muro de Berlim
A fronteira entre a Turíngia e a Baviera perto de Asbach, em 1950.

Alemanha: uma nação ainda dividida?

Publicado em 9 Novembro 2014 às 22:21
A fronteira entre a Turíngia e a Baviera perto de Asbach, em 1950.

Vinte cinco anos após a queda do muro de Berlim, que ocorreu a 9 de novembro de 1989, em que situação se encontra a Alemanha? Até que ponto estará a maior economia da Europa dividida?
“Na euforia que seguiu a queda do muro de Berlim em 1989, a Alemanha tratou rapidamente de apagar as cicatrizes da sua divisão resultante da Guerra Fria. Mas a herança da Alemanha de leste permanece visível nas estatísticas”, escreve o Die Zeit, que ilustra estas declarações com dados estatísticos, mapas e gráficos.
Numa publicação de blogue relacionada com este artigo, o jornalista do Die Zeit, Fabian Moor, explica que

a fronteira não desapareceu. Encontra-se praticamente no mesmo local onde existiu na realidade. A Alemanha continua dividida em dois. Nos dias de hoje, 25 anos após o fim da separação imposta, ainda se constata um desequilíbrio demográfico e económico, e os hábitos de vida são também muito diferentes. […] Por exemplo, as máquinas de secar roupa são muito populares no oeste do país, mas quase inexistentes no leste. Outro exemplo, a posse de armas não é algo que interessa os habitantes da Alemanha de leste.
Além disso, na antiga República Democrática Alemã (RDA), o rendimento disponível por habitante continua a ser consideravelmente inferior ao da antiga República Federal Alemã (RFA). Por outro lado, as zonas agrícolas são bem maiores na antiga RDA do que na antiga RFA. O Die Zeit realça ainda que o destino de férias também diverge entre os habitantes de cada região. O jornal observa ainda que:
os filhos dos alemães de leste são colocados em creches e vacinados todos os anos contra gripe. Que a população da Alemanha de leste tem mais idosos porque muitos filhos da reunificação foram para o oeste em busca de uma vida melhor e acabaram por ficar lá.
No entanto, a razão pela qual a Alemanha se encontra dividida é cada vez mais contestada. Steffen Dobbert, também ele jornalista do Die Zeit, considera portanto que “as comparações entre o este e oeste são supérfluas. […] Já não muro na Alemanha, nem na cabeça das gerações mais novas” e ainda acrescenta:
dentro de alguns anos, os “ossies” [termo pejorativo utilizado para designar os alemães de leste] desaparecerão – se os meios de comunicação o permitirem. Muitas pessoas consideram-se simplesmente alemães, não fazendo qualquer distinção entre o este e oeste. Só gostava de saber quando é que esta realidade irá penetrar as salas de redação dos canais de televisão, dos jornais e dos websites.
O canal de televisão público BR compilou recentemente várias sondagens sobre a Alemanha de leste e do oeste. Estas indicam que:
segundo um recente estudo realizado pela Infratest dimap, 75% dos alemães de leste têm uma visão positiva da reunificação; no oeste, apenas metade da população considera que a reunificação trouxe mais vantagens do que inconvenientes. […] A boa notícia é que os preconceitos este-oeste não são hereditários. Dois terços dos inquiridos entre os 14 e 29 anos condenam os preconceitos dos seus pais.
“O desejo de encontrar o antigo muro de Berlim é tão forte para os meus colegas do Zeit Online que decidiram partir em busca dos “Ronny”, escreve Steffen Dobbert. Porque, recorda este último, “Ronny era o nome próprio mais popular dado às crianças entre 1975 e 1983 na RDA”. Contudo, a proporção de “Ronny” no Facebook é agora mais importante na antiga Alemanha de leste:
tenho um amigo que se chama Ronny. Quando lhe falei do mapa, ele disse-me: ‘tem lógica, a maior parte dos Ronny vivem onde nasceram. Mas isso não significa que a RDA continua a existir!’. Perguntou-me depois o que seria necessário acontecer para podermos celebrar a reunificação sem ter de andar à procura dos Ronny. ‘Talvez tu e os outros Ronny devam mudar-se para o oeste’, respondi-lhe.
Para o Die Zeit,
um dos únicos locais onde a divisão do país resultante da Guerra Fria continua visível é a antiga fronteira interna alemã. As torres de vigia e os muros desapareceram, mas a linha de delimitação continua lá. Será algo mau? Deverão todas as diferenças ser eliminadas e todas as cicatrizes apagadas?
Em Berlim, oito mil balões brancos foram colocados ao longo do traçado do muro de forma a torná-lo novamente visível para as comemorações oficiais.

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