Projecção das "cariátidas gregas" na fachada do novo museu da Acrópole. AFP

Atenas inaugura novo museu da Acrópole

Amanhã, Atenas inaugura com pompa e circunstância o novo museu da Acrópole. Este edifício 'avant-garde' está a acordar velhas paixões e a reavivar as disputas com Londres, porque os gregos ainda não desistem de recuperar os mármores que estão no museu Britânico. Museum.

Publicado em 19 Junho 2009
Projecção das "cariátidas gregas" na fachada do novo museu da Acrópole. AFP

“E vocês, gostam deste novo Museu da Acrópole?” A pergunta surge frequentemente e, por vezes, a resposta está contida na própria pergunta. Na véspera da sua inauguração, a 20 de Junho, onovo Museu da Acrópole (http://www.theacropolismuseum.gr/) provoca fortes divergências de opinião, divide amigos, cria disputas ideológicas e estéticas e desperta mesmo ligeiros extremismos.

Esta inauguração é uma primeira vitória para o arquitecto franco-suíço Bernard Tschumi e o seu colaborador grego Michalis Fotiadis. É tradicionalmente considerado que a intensidade das reacções, mesmo quando não são necessariamente agradáveis, significa que a criação de um artista escapou à pior condenação de qualquer actividade humana: a indiferença.

Quanto mais se aproxima a noite da inauguração, mais a controvérsia se incendeia e os desacordos sobre o volume da construção e a sua integração no bairro pitoresco do centro de Atenas ganham visibilidade. Coincidência ou não, exactamente antes da inauguração, realiza-se um congresso sobre o futuro de duas construções situadas diante do museu. “Monumentos históricos”, estes edifícios foram desclassificados para serem destruídos ou deslocados, a fim de não “estragarem” a vista desafogada do museu sobre o rochedo sagrado da Acrópole.

Para sermos justos, diríamos que este novo museu deixa muitos atenienses perplexos. Há sempre dificuldade em conciliar duas dimensões diferentes do acontecimento. Por um lado, a missão “patriótica” deste novo museu, de grande carga ideológica, dado que o seu objectivo primeiro é acolher os mármores do Parténon. Esta construção vanguardista foi construída para reivindicar o regresso dos mármores do friso oriental do templo, furtados em 1801 pelo embaixador inglês, Lorde Elgin, quando a Grécia se encontrava sob ocupação otomana. Por outro lado, a nossa tradicional ambivalência perante novos dados arquitectónicos e urbanos. Habituados a pequenas construções, temos dificuldade em assimilar o carácter “dominante” deste novo museu.

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Mas a História de Atenas está recheada de “escândalos” arquitectónicos, frequentemente ligados a “desvios” em matéria de dimensão das construções.

IDEIAS

Para uma política europeia do património

É sobretudo para acolher os mármores do Parténon, conservados há 207 anos no Museu Britânico, que surge o novo Museu da Acrópole, recorda o Eleftherotypia. “O museu londrino recusa-se a fazer uma doação e propõe um empréstimo. A Grécia recusa o empréstimo e reivindica a propriedade”, resume o diário, que relata que, para certos peritos, é à União Europeia que cabe resolver esta contenda. É o caso do antigo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Owen. “O único meio para que os mármores estejam, de tempos a tempos, no novo Museu da Acrópole – o que é desejável –, será que a UE autorize a troca de antiguidades entre países membros. É chegado o momento de mostrar que pode haver uma política de património cultural europeu, susceptível de enriquecer os museus da União.”

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