Bruno Ganz, no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (País Basco), em setembro de 2010.

Bruno Ganz, cómico em pleno

Todos os anos, a Academia Europeia de Cinema atribui a uma personalidade do cinema um prémio pelo conjunto da sua obra. Este ano, coube ao suíço Bruno Ganz.

Publicado em 8 Outubro 2010 às 13:52
Bruno Ganz, no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (País Basco), em setembro de 2010.

Quantas vezes ouviu falar de Bruno Ganz? E de Michael Haneke? De Fatih Akin? De Ken Loach? Os nomes ser-lhe-ão familiares, já os ouviu algures, só não se recorda onde e em que contexto? Talvez outros nomes lhe sejam mais presentes, como Al Pacino, Martin Scorsese ou Woody Allen. Embora as duas listas incluam cineastas e atores brilhantes, separa-os um oceano, o Atlântico.

Apesar de fazermos parte do continente europeu, estaríamos provavelmente mais à vontade em Hollywood, onde reconheceríamos facilmente King Kong, Rocky e o Grande Ditador (embora Charlie Chaplin fosse europeu, mas quem ainda se lembra disso!) ou os contemporâneos Katherine Heigl, Angelina Jolie e Tom Cruise. Se fôssemos à Cinecittà, Pinewood ou Babelsberg, não reconheceríamos ninguém.

O mesmo sucede com Bruno Ganz. Poderia pensar-se que era um político alemão ou um empresário austríaco. Na verdade, Bruno Ganz é um ator suíço, nascido em 1941, conhecido pelos seus papéis em filmes como "Der Untergang" (A Queda – Hitler e o Fim do Terceiro Reich), "Der Baader Meinhof Complex" (O Complexo de Baader Meinhof) ou "The Reader" (O Leitor). [Em Portugal, rodou o filme de Alain Tanner “A Cidade Branca”, em que fazia o papel de um marinheiro suíço que chega a Lisboa e se apaixona.]

Apreciado tanto pelos seus desempenhos no teatro como diante das câmaras, Ganz foi recentemente nomeado presidente da Academia Alemã de Cinema. E foi agora galardoado com o prémio de contribuição europeia para o cinema mundial, da Academia Europeia de Cinema. Um prémio que partilha com pessoas que criaram filmes de autor, não filmes comerciais: Ken Loach, Carlos Saura, Jean-Luc Godard e muitos outros. Bruno Ganz receberá este prémio na 23ª edição do European Filme Awards, em Talin (Estónia).

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Conseguiu fazer o que muito poucos atores conseguem

Ao longo da sua carreira, foi nomeado 18 vezes para prémios importantes (incluindo os prémios da European Film Academy e os David di Donatello). Das 18 nomeações, apenas não ganhou cinco. Há dois anos, em 2008, atuou ao lado de Kate Winslet, David Kross e Ralph Fiennes em "The Reader" (O Leitor), um papel em inglês.

Em 2007, filmou na Roménia "Youth Without Youth", de Francis Ford Coppola (Uma Segunda Juventude), filme baseado numa história de Mircea Eliade. Em 2004, entrou em "Der Untergang" (A Queda – Hitler e o Fim do Terceiro Reich), interpretando Hitler, imediatamente antes da vitória dos Aliados. Por esse papel (em alemão), Ganz recebeu quatro prémios e o filme obteve uma nomeação para o óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em 2000, Ganz representou em italiano "Pana e Tulipani" (Pão e Túlipas), de Silvio Soldini, filme que ganhou nove prémios David di Donatello e três nomeações para os European Film Awards.

Nestes filmes, Ganz conseguiu fazer aquilo que muito poucos atores conseguem: representar de forma credível, intensa, verdadeira, em três línguas diferentes, o que o revela um verdadeiro ator multilingue, capaz de tornar real um personagem de ficção ou ressuscitar alguém há muito desaparecido.

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