Corrupção, um mal europeu?

Publicado em 26 Julho 2010 às 09:03

Dizer que a corrupção é um flagelo que reina nos países balcânicos é um lugar-comum. Em 20 de julho, a Comissão Europeia apresentou um relatório duro sobre o estado da justiça na Roménia e, em menor escala, na Bulgária. Erradicar a corrupção foi uma das condições impostas para a adesão destes dois países à UE, em 2007. Ao ponto de uma das mais importantes leis aprovadas na Roménia pós-comunista, adotada em 2000, se centrar na prevenção e sanção da corrupção. Desde então, foram efetuadas várias campanhas públicas anticorrupção, sem que os resultados sejam ainda satisfatórios.

Em Sófia, congratularam-se por a Comissão ter em conta a “vontade política” das autoridades de lutarem contra a corrupção. Mas em Bucareste, o presidente Traian Basescu considera injusto que o seu país seja acusado de não respeitar as condições postas à sua adesão. E o seu raciocínio é o seguinte: para que haja corrupção, é necessário haver pessoas que corrompem. Como todos sabem que os membros balcânicos da União funcionam com subornos, quase todos os que mantêm relações com eles se sentem obrigados a colocar-se ao nível, explicando que, sem subornos, não se consegue ultrapassar a burocracia. Gradualmente, a calamidade passa a ser a regra.

Em 6 de maio passado, o Parlamento Europeu, por iniciativa de uma eleita romena, Monica Macovei, adotou uma declaração que exige uma política clara por parte da UE para com os fenómenos de corrupção, bem como a instauração de um mecanismo de vigilância de todos os Estados-membros. Porque, como demonstra um estudo do site de Internet Diploweb.com com base nas classificações da ONG Transparency International, a corrupção é uma prática que atinge toda a Europa. E os países mais afetados são a Grécia, a Itália e a Espanha. Nestas condições, é justo só supervisionar os países que acabam de entrar na União? Não seria judicioso, ou mesmo necessário, submeter todos os Estados-membros a um controlo, certamente vergonhoso, mas útil para uma sociedade sã? Erradicar a corrupção passa sobretudo pelo reconhecimento de que se trata de um problema generalizado.

Iulia Badea Guéritée

Newsletter em português
Tags

É uma organização jornalística, uma empresa, uma associação ou uma fundação? Consulte os nossos serviços editoriais e de tradução por medida.

Apoie o jornalismo europeu independente.

A democracia europeia precisa de meios de comunicação social independentes. O Voxeurop precisa de si. Junte-se à nossa comunidade!

Sobre o mesmo tópico