Diplomacia precisa-se

Publicado em 19 Fevereiro 2010 às 15:49

Agora que quer desempenhar um papel mais interveniente do que o de grande Mercado Único, a União Europeia luta por um lugar na cena internacional. Como por milagre, o Tratado de Lisboa parecia permitir-lhe isso mesmo. Mas não! Os últimos confrontos diplomáticos com a Líbia, por um lado, e com Israel, por outro, revelaram mais uma vez que os Estados-membros se encontram isolados perante os seus interlocutores e são a prova de que a UE não existe no plano diplomático internacional.

O regime de Tripoli encerrou as fronteiras do seu país aos cidadãos do espaço Schengen como represália pela decisão suíça de declarar o líder líbio Mouammar Kadhafi e a sua comitiva persona non grata, no último episódio de uma crise que teve o seu início em 2008, com a detenção em Genebra de um dos filhos do caprichoso coronel, por maus tratos aos seus empregados domésticos. Agora que voltou a ser sociável, os europeus empurram-se para visitar ou receber Kadhafi, cedendo a todas as suas exigências. Hoje, em vez de aproveitarem a ocasião para inverter esta relação de forças, preferem deixar que Berna resolva o problema sozinha.

É realmente lamentável que a Europa se considere o porta-estandarte de valores universais, como os Direitos do Homem e a paridade do Estado de Direito, e que não seja capaz de erguer a voz quando esses valores são postos em causa.

Os serviços secretos de Israel são acusados de usurpar a identidade de onze cidadãos da UE aquando da eliminação de um responsável palestiniano do Hamas no Dubai. Os Estados implicados – Reino Unido, Irlanda, França e Alemanha – exigiram explicações às autoridades israelitas que, até ao momento, não consideraram necessárias quaisquer explicações. E isso é ainda mais inadmissível se pensarmos que Israel é um precioso aliado – segundo alguns, um futuro Estado-membro – da União Europeia, contrariamente à Líbia. Será que Catherine Ashton, Alto Representante da Política Externa da UE, pegou no telefone e ligou para Tripoli ou para Tel Aviv para expressar, no mínimo, o "total descontentamento" da União? Qual quê! Por esta altura, ainda anda à procura do Haiti no mapa.

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Gian Paolo Accardo

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