Economia paralela explode em tempo de crise

Publicado em 31 Julho 2012 às 11:38

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O peso da economia não registada evoluiu em Portugal de 9,3% em 1970 para 24,8% em 2010, escreve o diário lisboetai. De acordo com um estudo realizado pela Universidade do Porto, o PIB atingiu os 130 mil milhões de euros, ao passo que a economia paralela registou 32 mil milhões. Estes números são assustadores e o diário adianta que a média da OCDE é de 17% e que apenas Grécia e Itália apresentam percentagens mais elevadas.

A economia paralela prospera graças a segundos empregos não declarados, trabalhos subalternos ou pagamento de rendas sem recibo, explica o jornal português. O setor terciário (incluindo construção, alugueres, serviços, restauração) é o mais afetado, com uma subida do IVA de 17% para 23% na última década e a crise atual poderá piorar ainda mais a situação. “Se levarmos em conta a subida dos impostos e o crescimento do desemprego, espera-se uma nova subida na economia não registada”, avisa o economista Óscar Afonso, autor do estudo.

Os pagamentos em dinheiro representam uma considerável fonte de receitas para a economia paralela e “as medidas [de austeridade] tomadas pelo Governo na prática têm estimulado o regresso ao dinheiro vivo”, refere o economista Sérgio Vasques, ao passo que uma empresa consultora citada pelo diário considera o regresso aos pagamentos online e com cartões de crédito uma forma de reduzir essa prática.

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O estudo da Universidade do Porto refere que a economia paralela explica “a sobrevivência de populações em países com PIB per capita abaixo do limiar de subsistência”. Segundo um estudo da Universidade de Bogazici (Turquia), a economia paralela pode ter um efeito positivo em zonas empobrecidas, mas retira credibilidade aos dados estatísticos. “Dizer que o mercado paralelo revitaliza a economia é como dizer que o crime cria postos de trabalho”, conclui Sérgio Vasques. “Viver debaixo da terra não é um projecto para o país.

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