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Em defesa dos tecnocratas

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Publicado em 2 Setembro 2011

Mas, que mais anda Bruxelas a fazer? Depois de ter regulamentado a curva do pepino, os nódulos das cenouras ou listado do que deve figurar nas embalagens de cosméticos, eis que nos obriga a renunciar às velhas lâmpadas incandescentes de 60W (as de 100W são ilegais há dois anos e as de 75W desde o ano passado) e ameaça atacar as cafeteiras elétricas que consomem muita energia.

Agora que o euro vacila, que a recessão volta a ameaçar, que o desemprego aumenta, que os problemas dos jovens se tornam insuportáveis e que o Mediterrâneo está em ebulição, não faltava senão uma parte de imprensa europeia a lançar a sua ironia contra a eurocracia e o seu empenho em querer regulamentar os mais pequenos detalhes das nossas vidas sem nos consultar nem ser mandatada.

Harmonizar certos aspetos do nosso ambiente. É também para isso que servem os 33.000 “eurocratas” de Bruxelas (para memória, recordemos que a Câmara de Paris emprega 40.000 pessoas). E foram os Estados membros quem o decidiu, uma vez que são eles quem aprova os tratados que estabelecem as suas competências. Exatamente como nos ministérios nacionais, são os tecnocratas que elaboram as medidas que, em seguida, são adotadas pelo executivo (a Comissão) e aprovadas pelos representantes do povo (o Conselho e/ou o Parlamento). Como alguns leitores fizeram notar, o processo não é menos democrático que a nível nacional.

Já nos apercebemos que a comunicação da UE é desajeitada, tanto na forma como, frequentemente, no timing. Os seus anúncios são entendidos como frios, perentórios e normalmente formulados por personagens (a começar pelos Comissários) que não nos são familiares e que não falam a nossa língua.

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Será necessário que se esforcem para aprender? Sem dúvida. Será desejável maior transparência no processo de elaboração das medidas comunitárias e da sua adoção? Certamente. Mas deixemos de censurar a UE por fazer o que, entre outras coisas, foi criada para fazer pelos nossos queridos representantes polÍticos.

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