Quatro milhões, 48 mil e 493 pessoas. É o número de desempregados registado em Espanha no início de Fevereiro. O diário El Mundo publicou uma reportagem sobre a vida quotidiana dos espanhóis. Teresa Barbero, operadora telefónica, pretende emigrar para a Suíça ou para a Alemanha. "Há 18 meses que estou desempregada e o meu companheiro também. O nosso empréstimo ao banco é muito caro. É duro. Fazemos uma vida modestíssima", confessa esta madrilena de 32 anos.
A situação é idêntica noutros países da Europa ocidental particularmente afectados pela crise, como é o caso da Grécia, de Portugal e do Reino Unido. Infelizmente, as medidas aplicadas pelos governos para gerir as economias são, também elas, sistematicamente semelhantes. Maior participação do Estado na economia, subida de impostos e repetidos mantras sobre os "verdadeiros" culpados da crise, a saber, especuladores e banqueiros gananciosos. E, sobretudo, para se livrarem dos que ousam sublevar-se contra os privilégios deste ou daquele grupo social, vão direitos a uma miniguerra civil, com greves, uma chuva de pedras da calçada e canhões de água.
Europa poderá competir com a China?
O Velho Continente caiu num impasse. Há uns anos a esta parte que os políticos europeus ganham eleições graças a promessas de emprego e salários decentes, habitação acessível, férias prolongadas e uma vida feliz e sem preocupações. Num dos seus primeiros discursos em público, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, declarou que a União Europeia devia assegurar o modo de vida europeu, como se não soubesse que isso representa, para a Europa, o caminho mais curto em direcção a uma catástrofe económica.
O modo de vida europeu inclui as tributações sobre metade dos rendimentos dos contribuintes, as 35 horas de trabalho semanais, uma dívida pública superior ao PIB. O modo de vida europeu, muitas vezes, é um hino à ociosidade e ao desprezo pelo capitalismo. É convicção quase geral de que o Estado irá estar sempre ali para nos estender uma mão forte nos momentos mais difíceis. É desta forma que a Europa pretende competir com a China? Não me façam rir!