Alguns dias antes do Natal, Lubomír Studnička, membro da Associação de Protecção da Natureza de Litoměřice [cidade checa situada na Boémia do Norte], foi detido por chantagem. Segundo a polícia, este autoproclamado "ecologista" utilizava um método muito simples: interpunha recursos em tribunal contra o maior número possível de projectos privados, em Litoměřice, a pretexto de querer proteger a Natureza. Deste modo, torpedeou o projecto de construção da nova ponte sobre o Elba e fez atrasar as obras da D8 [a auto-estrada que liga Praga a Litoměřice]. Depois, exigia "prémios de apoio" para desistir dos processos que tinha intentado contra esses investidores e respectivos projectos. Até ao dia em que alguns empresários vítimas de extorsão perderam a paciência. Fingindo aceitar o acordo, um deles informou a polícia, que lhe deu notas falsas para passar a Studnička…
Foi assim que veio a público o primeiro caso importante de extorsão ecológica na República Checa. Esta é, no entanto, uma prática corrente entre as ONG ecologistas e a lei fornece aos "obstrutores profissionais" consideráveis meios de pressão sobre os investidores. Na verdade, a detenção de Studnička revela apenas a ponta do iceberg. Quantos casos semelhantes nunca serão divulgados?
O construtor automóvel sul-coreano Hyundai queria montar uma fábrica na zona industrial de Nošovice [no leste]. Os militantes ecologistas prepararam o terreno, interpondo uma acção em tribunal, na qual alegavam que o projecto representava uma ameaça para o ambiente, e contrataram um gabinete de advogados especializado em "direito do ambiente". Sabem muito bem que, explorando os meandros dos procedimentos e outros pormenores burocráticos, é possível congelar durante anos qualquer projecto de obras. Os coreanos tiveram medo de que a construção da sua fábrica fosse atrasada. Então, os activistas só tiveram de se apresentar de mão estendida e dizer: "Vá lá! Nós somos pessoas razoáveis. Vamos conseguir entender-nos…" E os coreanos ficaram muito satisfeitos por financiarem, com 20 milhões de coroas [cerca de 750 000 euros], "um fundo para dotações, destinado a apoiar iniciativas de cidadãos", gerido pelos activistas. Oficialmente, esse dinheiro deve ser utilizado em "projectos que permitam sensibilizar as consciências para os problemas do ambiente e para a protecção deste".
Uma miríade de links lucrativos
O chantagista ecologista vulgar pede dinheiro discretamente mas o seu alter-ego (mais esperto) globalizado exige luvas abertamente. E a arraia-miúda, como os investidores locais, não interessa realmente ao chantagista ecologista. Este sabe que, se conseguir chantagear toda a humanidade, poderá ganhar milhares de milhão, em vez de milhões de euros. Não actua com recurso às ameaças mas apostando no sentimento de culpa. Vejamos o exemplo de Al Gore, o apóstolo das "verdades inconvenientes". Para evitar o aquecimento global do planeta, Al Gore convida-nos a adoptar um estilo de vida "neutro em termos de carbono". Uma das organizações mais influentes nesse negócio da "redenção carbono", que rende vários milhares de milhão de dólares, é a empresa Generation Investment Management, que tem sede em Londres e cujo o fundador é, nem mais nem menos, o antigo vice-Presidente dos Estados Unidos.
Vejamos outro exemplo. Em fins de Dezembro, na mesma altura em que Lubomír Studnička era preso, o diário britânicoThe Daily Telegraphdescreveu em pormenor as actividades privadas de Rajendra Kumar Pachauri, o presidente doPainel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). Os ecologistas e os medias gostam de apresentar o IPCC como "o mais importante grupo mundial de peritos independentes". Ora, a verdade é que Pachauri não é climatologista mas engenheiro ferroviário. E, sobretudo, Pachauri está estreitamente ligado, em termos financeiros, à chamada "indústria de protecção do clima". É consultor de vários fundos de investimento "verdes" e de empresas cuja actividade central é a das tecnologias sustentáveis. Além disso, é membro do Conselho Consultivo da bolsa climática de Chicago, que se dedica ao comércio dsa quotas de carbono……
Alemanha
Ecologistas contra a energia verde
A energia verde conta com o apoio de três quartos dos alemães mas está a enfrentar um novo inimigo: os grupos locais de habitantes. A revista Der Spiegel diz que há cada vez mais iniciativas de cidadãos contra a instalação de moinhos de vento, de centrais de biogás ou de painéis solares. "São poucos os alemães que vivem na proximidade directa de uma central convencional. Em contrapartida, as energias renováveis podem nascer em qualquer lado", revelando as facetas desagradáveis da energia verde: o ruído, o cheiro ou a alteração da paisagem.
O semanário alemão cita um militante da Baviera, fiel eleitor dos Verdes, que tenta mobilizar os vizinhos contra a instalação de módulos solares. "Do ponto de vista energético, é uma estupidez para a RFA", declara, interrogando-se em seguida sobre se as centrais nucleares não poderiam manter-se mais tempo em funcionamento. E um habitante do Brandeburgo, que põe em dúvida a eficácia da energia solar na Alemanha, discorda do armazenamento subterrâneo de CO2 e reuniu 27 000 assinaturas contra os moinhos de vento. No [estado de] Schleswig-Holstein, uma aldeia cheia de habitantes com consciência verde impediu a instalação de uma central de biogás.
O traço comum a todas estas iniciativas é o medo do sacrifício pelos outros sem daí retirar benefícios, acentuado pela inexistência de um verdadeiro plano energético. Balanço da Spiegel: a maior parte das aldeias aceitaria os inconvenientes da maior "circulação, do cheiro, da reestruturação", se se tratasse de produzir energia para elas próprias.