Falem com eles!

Publicado em 5 Julho 2013 às 14:24

Dois anos após a criação do movimento dos “indignados”, os Vinte e Oito perceberam finalmente que existe na Europa uma bomba pronta a explodir: formada por cerca de seis milhões de jovens desempregados.

De facto, trata-se apenas de uma bomba de fragmentação, que pertence a um dispositivo bem maior – em maio, a UE recenseou 26,52 milhões de pessoas sem emprego – mas, com 23,1% dos jovens entre os 18 e os 25 anos desempregados, representa um valor duas vezes superior à média da UE (11%). Uma taxa que, nos países do Sul da Europa, pode por vezes ser multiplicada por dois.

É, portanto, necessário agir com urgência. A menos de três meses das eleições legislativas, a verdadeira primeira volta das eleições europeias de maio de 2014, Angela Merkel parece ter sido a primeira a chegar a essa conclusão, embora tenha uma das taxas de desemprego juvenil mais baixas do continente.

Decidiu convocar em Berlim, no dia 3 de julho, alguns dias antes de um Conselho Europeu dedicado a este assunto, uma conferência europeia para resolver o problema com medidas concretas que deverão ser adotadas… nos próximos meses. Foram convidados 18 dos seus homólogos assim como os ministros do Trabalho e os parceiros sociais. Só faltavam os jovens.

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Estes últimos reuniram-se com a chancelaria, através da iniciativa do sindicato alemão DGB e da CGT francesa, para uma “cimeira alternativa”. Nesta ocasião, o Fórum Europeu da Juventude e os Conselhos Nacionais da Juventude de diversos países submeteram propostas concretas à Comissão e ao Parlamento Europeu.

“Não percebemos por que não fomos convidados para a conferência”, disse ao Financial Times Florian Haggenmiller, secretário para a juventude do DGB: “Falam dos jovens, mas sem os jovens. Pensamos que só conseguirão arranjar soluções se falarem connosco”.

Não há como discordar, nomeadamente quando há já algum tempo que se constata o mal-estar social dos jovens europeus nas ruas do continente – e nas urnas. Será necessário esperar por um novo aumento da abstenção nos votos e dos movimentos populistas nas eleições europeias para que os dirigentes europeus comecem a falar com eles?

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