Luta até à morte entre Presidente e Governo

Publicado em 11 Julho 2012 às 13:30

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Para o Evenimentul Zilei, é “a prova de um golpe de Estado: o Governo não respeita a decisão do CCR”, o Tribunal Constitucional. A 10 de julho, os dirigentes da USL, a coligação entre socialistas e liberais que apoia o primeiro-ministro Victor Ponta, anunciou que o referendo agendado para 29 de julho sobre a destituição do Presidente Traian Băsescu seria organizado de acordo com a diretiva de emergência adotada pelo Governo na semana anterior. Nela, prevê-se uma maioria simples de votos. Mas o Tribunal Constitucional considera que o referendo não poderá ser validado sem a votação de metade mais um dos 18 milhões de eleitores inscritos. Neste caso, serão necessários 4 milhões e 500 mil a dizer “SIM” para destituir Băsescu. Caso contrário, seria suficiente uma maioria simples, independentemente do número de votos. “Estamos no meio de uma tempestade e as instituições não têm meios para lhe escapar”, critica o diário.

Enquanto a controvérsia se mantém, Crin Antonescu, o Presidente interino, já se instalou em Cotroceni, o palácio presidencial. Para a USL e para o PDL, o partido democrata-liberal de Băsescu, “é uma questão de vida ou de morte”, constata, por seu turno, o Jurnalul Naţional:

Uns arriscam a sua liberdade, outros, a sua legitimidade. Sobretudo desde que Crin Antonescu se comprometeu perante as duas câmaras do parlamento a abandonar a política caso Băsescu triunfasse no referendo. Não existe meio termo. […] Quem perder morre, quem ganhar fica com tudo.

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Nestas circunstâncias, acrescenta o diário, a USL tem de motivar o seu eleitorado e fazer crescer

o ódio em relação ao regime de Băsescu, para que as pessoas politicamente passivas também vão votar. Para o PDL, seria preferível que as pessoas não saíssem de casa. Mas como é que Traian Băsescu, homem político com fama de combatente político invencível, poderá justificar perante o eleitorado um eventual apelo à abstenção?

Para o Adevărul, a decisão será do povo, mesmo que o braço de ferro entre o Tribunal Constitucional e a USL seja “crucial para o futuro da Roménia”. O diário acrescenta que seria um erro político considerável a USL persistir na aplicação da diretiva de emergência:

Por um lado, há a acusação de que o Governo do USL viola a lei e a Constituição. Por outro, os simpatizantes de Traian Băsescu não vão reconhecer o resultado do referendo. As reações internacionais serão devastadoras para um Governo que não respeita as decisões do Tribunal Constitucional. [...] Atravessamos uma crise política que só tem uma solução: uma afluência em massa às urnas. […] A abstenção não é alternativa, independentemente de quem venha a vencer nas urnas.

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