Não contemos com Obama

Publicado em 5 Fevereiro 2010 às 12:55

Barack Obama não vai, decididamente, a Bruxelas – nem a Madrid – no final de Maio, participar na cimeira UE-Estados Unidos, e com razão. Porque deveria o Presidente norte-americano, que tem uma agenda bastante preenchida, empreender tal deslocação para participar num acontecimento sem conteúdo real? As relações entre a Europa e os Estados Unidos estão hoje desanuviadas e não existem problemas bilaterais insuperáveis. Sem falar dos custos e do quebra-cabeças que representa uma visita à Europa.

Uma das razões avançadas pela Casa Branca para justificar a sua decisão é a ausência de um interlocutor único deste lado do Atlântico. O Tratado de Lisboa viria resolver este problema, juravam os dirigentes dos 27, e a Europa iria finalmente aceder ao papel de potência global, a que legitimamente aspira. Ora, quando se trata de pôr em prática o Tratado e apagar-se por trás das instituições com que dotaram a União – a começar por um presidente estável do Conselho –, prevalecem os velhos reflexos e o cada um por si. Viu-se em Copenhaga ao que isso leva.

Agora, os dirigentes europeus disputam-se para saber quem vai acolher Obama ou para aparecer a seu lado nas fotografias. Os que estão com problemas de popularidade – e não são poucos – fazem de tudo para lhe sacar uma declaração de simpatia para uso meramente interno, como se o Presidente norte-americano tivesse capacidade para alterar as sondagens, qual ícone milagreiro.

O milagre que Barack Obama fez foi o de chegar à Casa Branca. Uma vez lá, enfrenta uma crise, o protagonismo da China e da Índia, o Irão, a situação no Médio Oriente e no Afeganistão. Se os europeus querem intervir nestas questões, sabem o que têm a fazer.

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Gian Paolo Accardo

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