O Estado vigiava de perto os ciganos

Publicado em 27 Setembro 2013 às 14:57

Cover

“Os ciganos foram registados em ‘Z inteiro’”, afirma a manchete do Dagens Nyheter, que revela vários pormenores sobre o registo dos ciganos pelas autoridades suecas: o Livro Branco do Governo sobre a forma como são tratados os ciganos na Suécia, que deverá ser publicado em 2014 e a que este diário teve acesso, indica que, entre 1959 e 1996, as autoridades, e em especial o município de Estocolmo, procederam ao registo de “centenas, talvez milhares” de ciganos.

Considerados, no início do século XX, como “parasitas sociais” que “degradavam a raça sueca”, os ciganos viram ser-lhes vedado o acesso ao território sueco até 1954, explica o jornal. O levantamento da proibição foi acompanhado pela identificação, pela polícia, de “todos os ciganos do país, incluindo mestiços, sedentários e nómadas”, tal como estipulado numa diretiva do Governo.

Em Estocolmo, a partir de 1959, essa tarefa foi atribuída a uma “secção cigana”, que registava e avaliava os ciganos. Todos os aspetos da sua vida eram examinados: inteligência, aproveitamento escolar, higiene e comportamento. […] Cada indivíduo e cada família eram registados sob o ‘número-Z’ – sendo o “Z” a primeira letra da palavra “zigenare”, cigano em sueco. As pessoas inscritas no registo e os respetivos parentes eram, em seguida, subclassificados como “Z inteiro”, “½ Z”, “1/4Z” e “não Z”. Estes códigos foram também utilizados, até 1981, pela Direção Nacional de Saúde e dos Assuntos Sociais.

Newsletter em português

Inicialmente, explica o Dagens Nyheter,

a intenção era benigna: os ciganos perseguidos e que viviam na pobreza passavam a ter direito ao alojamento e à educação. Mas havia igualmente o desejo das autoridades de vigiar os ciganos e de os incluir no registo, apenas por causa da sua etnia.

Tags

É uma organização jornalística, uma empresa, uma associação ou uma fundação? Consulte os nossos serviços editoriais e de tradução por medida.

Apoie o jornalismo europeu independente.

A democracia europeia precisa de meios de comunicação social independentes. O Voxeurop precisa de si. Junte-se à nossa comunidade!

Sobre o mesmo tópico