O euro continua a valer a pena?

Adotada pouco antes de estalar a crise financeira, a moeda única continua a trazer vantagens aos eslovacos. Mas muitos economistas começam a perguntar-se se Bratislava fez a escolha certa.

Publicado em 16 Maio 2011

Os acontecimentos dos últimos meses têm colocado os nossos dirigentes políticos perante um problema que nem as piores previsões haviam considerado, antes da entrada para a zona euro. É verdade que o Governo de Iveta Radicova se recusou a participar no empréstimo concedido à Grécia, mas, enquanto membro do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), vamos ter, também nós, de meter a mão ao bolso, depois dos pedidos de ajuda da Irlanda e, recentemente, de Portugal.

Ivan Miklos, ministro das Finanças e pai do euro eslovaco, chegou a confessar recentemente, de forma implícita, que, com os conhecimentos que hoje tem, não teria tido pressa em entrar para a zona euro.

O euro foi uma bênção

Ainda assim, poucos na Europa acreditam tanto na zona euro como os eslovacos. De acordo com uma sondagem do Eurobarómetro realizada em fevereiro, quase 70% pensam que o euro atenuou o impacto da crise económica no nosso país, enquanto apenas 40% dos cidadãos da UE consideram que o euro é uma boa divisa, nestes tempos difíceis. Podemos então dizer que o euro, que adotámos [em 1 de janeiro de 2009] precisamente quando a crise eclodiu, nos tem sido favorável?

Não há uma resposta simples para esta pergunta. De acordo com o Banco Nacional da Eslováquia, que analisou o impacto do euro sobre a competitividade das nossas empresas, mesmo deixando decorrer um período mais longo, não seria possível avaliar a influência da moeda comum, pois nunca saberemos como a nossa economia teria evoluído se tivéssemos mantido a coroa eslovaca.

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Vladimir Vano, analista financeiro de topo do Volksbank, considera "que quando eclodiu a pior recessão global do pós-guerra, o euro foi para nós uma bênção. O euro fez da Eslováquia uma combinação única de país localizado no centro de um mercado de mais de 90 milhões de cidadãos do Leste da UE, com a estabilidade de um membro de pleno direito da zona euro e todos os benefícios associados".

De acordo com Vano, a adoção do euro foi apenas a conclusão lógica da integração económica da Eslováquia: "Cerca de 85% das nossas exportações vai para a UE e mais de metade para países da zona euro”.

Mais incovenientes do que vantagens

Já para Jan Toth, diretor do Instituto de Política Financeira do Ministério das Finanças, o euro não foi de todo uma benesse para a Eslováquia e, até ver, tem trazido mais inconvenientes do que vantagens: "Entrámos em má altura na zona euro. [...] Estamos hoje a sofrer mais com o euro do que se tivéssemos mantido a coroa, porque a crise afetou os nossos modelos de negócio – a nossa economia está orientada para a exportação e baseia-se principalmente na construção automóvel – e não podemos adaptar o valor da moeda em conformidade”.

Juraj Karp, analista do INESS [Instituto de Estudos Económicos e Sociais], foi dos que se bateram contra a adoção da moeda única. Se, durante a crise, estivéssemos fora da zona euro, nada de grave aconteceria, considera: "Basta olhar para a República Checa. Estar fora da zona euro não lhe trouxe nenhumas consequências negativas".

Há que procurar a essência noutro lado: "Foi depois de os dirigentes da zona euro terem decidido, em maio de 2010, criar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) que se tornou prejudicial para nós ter o euro. Se tivermos de contribuir para que a Grécia pague as suas pensões e para que os bancos alemães re-embolsem os seus credores, vamos ser obrigados a aumentar os impostos”.

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