O euro continua a valer a pena?

Adotada pouco antes de estalar a crise financeira, a moeda única continua a trazer vantagens aos eslovacos. Mas muitos economistas começam a perguntar-se se Bratislava fez a escolha certa.

Publicado em 16 Maio 2011 às 15:52

Os acontecimentos dos últimos meses têm colocado os nossos dirigentes políticos perante um problema que nem as piores previsões haviam considerado, antes da entrada para a zona euro. É verdade que o Governo de Iveta Radicova se recusou a participar no empréstimo concedido à Grécia, mas, enquanto membro do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), vamos ter, também nós, de meter a mão ao bolso, depois dos pedidos de ajuda da Irlanda e, recentemente, de Portugal.

Ivan Miklos, ministro das Finanças e pai do euro eslovaco, chegou a confessar recentemente, de forma implícita, que, com os conhecimentos que hoje tem, não teria tido pressa em entrar para a zona euro.

O euro foi uma bênção

Ainda assim, poucos na Europa acreditam tanto na zona euro como os eslovacos. De acordo com uma sondagem do Eurobarómetro realizada em fevereiro, quase 70% pensam que o euro atenuou o impacto da crise económica no nosso país, enquanto apenas 40% dos cidadãos da UE consideram que o euro é uma boa divisa, nestes tempos difíceis. Podemos então dizer que o euro, que adotámos [em 1 de janeiro de 2009] precisamente quando a crise eclodiu, nos tem sido favorável?

Não há uma resposta simples para esta pergunta. De acordo com o Banco Nacional da Eslováquia, que analisou o impacto do euro sobre a competitividade das nossas empresas, mesmo deixando decorrer um período mais longo, não seria possível avaliar a influência da moeda comum, pois nunca saberemos como a nossa economia teria evoluído se tivéssemos mantido a coroa eslovaca.

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Vladimir Vano, analista financeiro de topo do Volksbank, considera "que quando eclodiu a pior recessão global do pós-guerra, o euro foi para nós uma bênção. O euro fez da Eslováquia uma combinação única de país localizado no centro de um mercado de mais de 90 milhões de cidadãos do Leste da UE, com a estabilidade de um membro de pleno direito da zona euro e todos os benefícios associados".

De acordo com Vano, a adoção do euro foi apenas a conclusão lógica da integração económica da Eslováquia: "Cerca de 85% das nossas exportações vai para a UE e mais de metade para países da zona euro”.

Mais incovenientes do que vantagens

Já para Jan Toth, diretor do Instituto de Política Financeira do Ministério das Finanças, o euro não foi de todo uma benesse para a Eslováquia e, até ver, tem trazido mais inconvenientes do que vantagens: "Entrámos em má altura na zona euro. [...] Estamos hoje a sofrer mais com o euro do que se tivéssemos mantido a coroa, porque a crise afetou os nossos modelos de negócio – a nossa economia está orientada para a exportação e baseia-se principalmente na construção automóvel – e não podemos adaptar o valor da moeda em conformidade”.

Juraj Karp, analista do INESS [Instituto de Estudos Económicos e Sociais], foi dos que se bateram contra a adoção da moeda única. Se, durante a crise, estivéssemos fora da zona euro, nada de grave aconteceria, considera: "Basta olhar para a República Checa. Estar fora da zona euro não lhe trouxe nenhumas consequências negativas".

Há que procurar a essência noutro lado: "Foi depois de os dirigentes da zona euro terem decidido, em maio de 2010, criar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) que se tornou prejudicial para nós ter o euro. Se tivermos de contribuir para que a Grécia pague as suas pensões e para que os bancos alemães re-embolsem os seus credores, vamos ser obrigados a aumentar os impostos”.

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