Fronteira entre a Rússia e a Ucrânia
Por trás da "muralha europeia" ao longo da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, perto de Carcóvia (leste da Ucrânia).

O novo muro da Europa

Publicado em 11 Novembro 2014 às 14:22
Arseniy Yatsenyuk  | Por trás da "muralha europeia" ao longo da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, perto de Carcóvia (leste da Ucrânia).

Vinte cinco anos após a queda do Muro de Berlim, uma nova fronteira física e militarizada está a ser erguida, alimentada por divergências políticas e ideológicas e financiada em parte pela União Europeia.
O The Daily Beast divulga o projeto do Governo ucraniano de construir um muro de dois mil quilómetros na fronteira com a Rússia:

o que deveria, em teoria, manter Moscovo fora do território e os separatistas dentro do país. Os meios defensivos previstos incluem um muro de aço, torres de controlo, trincheiras para os soldados e uma zona neutra com arame farpado entre a fronteira que separa os dois países.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, refere-se ao muro como “a fronteira oriental da União Europeia”, considerando que a existência de uma fronteira física é essencial para obter um “regime de livre circulação com a UE”, escreve o site noticioso ucraniano Censor.net.
O The Daily Beast cita Yatsenyuk que afirma que “a UE já decidiu atribuir 16 milhões de euros” ao projeto e que o presidente da câmara de Kiev, Vladimir Klitschko, não hesitou em:
pedir conselhos à Alemanha para a construção do muro durante a sua visita a Berlim no início deste mês. O seu pedido invulgar chocou a Alemanha, onde as obscuras memórias do Muro de Berlim continuam presentes.
A ironia do pedido não passou ao lado do dramaturgo britânico David Edgar que, num dos seus artigos para o The Guardian, refletiu sobre a política europeia 25 anos após a queda do Muro de Berlim, defendendo que:
foi estabelecida, pela primeira vez, na Ucrânia uma nova linha de divisão política entre uma elite urbana, aberta e liberal e uma classe operária, cada vez mais conservadora, mas que continua favorável ao Estado Providência, durante a Revolução Laranja de 2004 contra uma eleição manipulada “vencida” por Viktor Yanukovych. No início deste ano, a revolução da Maidan levou os partidos de extrema-direita Svoboda e Pravy Sektor a entrar no Governo pós-revolucionário. O presidente Petro Poroshenko anunciou recentemente a sua intenção de construir um muro ao longo da fronteira com a Rússia, um projeto que terá um custo 10 vezes superior ao atual orçamento de defesa do país e que deverá ser levado a cabo pela Alemanha.

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